Um estudo realizado por cinco pesquisadores da Universidade Federal de Sergipe (UFS) e publicado pela revista médica inglesa The Lancet descarta benefícios clínicos do uso de hidroxicloroquina para tratamento ou prevenção de Covid-19. Reportagem sobre o assunto foi divulgada na CNN Brasil.
Realizado sob a coordenação do professor doutor Paulo Ricardo Martins Filho, da Universidade Federal de Sergipe (UFS/Lagarto), o estudo é assinado também por Lis Campos Ferreira, Luana Heimfarth, Adriano Antunes de Souza Araújo e Lucindo José Quintans-Júnior.
Lucindo Quintans explica que “esse trabalho foi publicado antes como preprint (uma versão preliminar) num repositório americano, isso para que os dados pudessem ser lidos, criticados e contestados. Não foram. Aí publicamos no The Lancet
A CNN Brasil informa que pesquisa foi utilizada pelo senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE) em depoimentos da CPI da Pandemia como o da secretária do Ministério da Saúde Mayra Pinheiro e o da médica Nise Yamaguchi, a respeito do embasamento científico para a defesa do uso da hidroxicloroquina contra o coronavírus e a adoção de medidas como o aplicativo TrateCov, utilizado pelo governo federal no enfrentamento do colapso em Manaus (AM), no início do ano.
Publicado no domingo, 29 (ontem) pela edição regional da Lancet nas Américas, o artigo diz diz que foram localizados 2.871 estudos relacionados ao uso de hidroxicloroquina, publicados entre janeiro de 2020 e maio de 2021. Passaram pelo processo de meta-análise – um método estatístico que combina os resultados de vários estudos para produção de uma síntese com maior robustez – 14 ensaios clínicos randomizados, cegos e controlados por placebo.
À CNN, o coordenador da pesquisa afirma que “Nossa meta-análise sintetiza a melhor evidência disponível sobre a eficácia e segurança da hidroxicloroquina na prevenção e tratamento de pacientes com Covid-19″, explica Martins. O pesquisador salienta que os 14 ensaios incluíram tanto aqueles que adotaram hidroxicloroquina como tratamento profiláxico quanto os que utilizaram a medicação contra a malária no atendimento a pacientes hospitalizados ou não-hospitalizados.
“Os resultados desse estudo mostram que a hidroxicloroquina não é eficaz como profilaxia pré-exposição ou pós-exposição ao SARS-CoV-2, assim como não é eficaz no tratamento de indivíduos com Covid-19, seja entre aqueles com as formas mais leves da doença, seja entre aqueles hospitalizados com as formas mais severas da infecção”, salienta o pesquisador brasileiro e atuante na UFS de Lagarto.
A CNN informa ainda que Martins afirma ainda que, de acordo com o estudo, houve aumento do risco de eventos adversos, como problemas gastrointestinais.
(Com dados da CNN Brasil e apurados pelo blog)