Rogério Carvalho defende mapeamento de áreas vulneráveis para enfrentamento da violência em SE

O candidato ao Governo de Sergipe, Rogério Carvalho 13, do Partido dos Trabalhadores (PT), participou, nesta segunda-feira, 29, de um debate promovido pela Associação dos Delegados de Polícia do Estado de Sergipe (Adepol/SE) e apresentou algumas propostas para a segurança pública.

Na oportunidade, o escolhido por Lula também falou sobre a necessidade de investimentos em tecnologia, com foco no uso das ferramentas mais modernas para atuar no enfrentamento à violência e dar mais celeridade às ações policiais.

“A gente precisa ter informação. E, hoje, como vivemos uma era de hiper conectividade, com tecnologia, é possível saber onde ocorrem os crimes e como eles ocorrem. Essa é a base do nosso planejamento, onde, de forma articulada, saberemos quais características colocaremos para atuar”, explicou.

Para isso, Rogério Carvalho fez um comparativo com o uso de ferramentas tecnológicas que foi estabelecido por ele quando foi secretário de Saúde. “Nós criamos o programa de agentes comunitários, porque sabemos que em alguns territórios, existem pessoas vulneráveis. Se são vulneráveis, acompanhamos com tecnologia. E isso pode ser feito com a segurança pública”, contextualizou.

“O que queremos, com isso, é ter um mapeamento das áreas vulneráveis e, dessa maneira, fazer com que as pessoas sejam menos molestadas e tenham maior qualidade de vida, com segurança. Principalmente no que diz respeito à perda de vida.

Função do Estado

Ainda durante o encontro, Rogério Carvalho pontuou sobre o entendimento da competência de cada ente. “A Segurança Pública é uma função exclusiva do estado! Por isso precisa ter a devida atenção e compromisso de quem assumir o Governo de Sergipe”, destacou.

“O Estado está com sua capacidade de geração de renda estagnada. Mas vamos dar a volta por cima para desenvolver a nossa economia e, consequentemente, aumentar a arrecadação. Assim, poderemos equacionar problemas crônicos de várias áreas do serviço público”, acrescentou.

Neste ponto, o escolhido por Lula se mostrou preocupado com a defasagem salarial enfrentada pelos delegados que atuam no Estado e, sensibilizado, se comprometeu em buscar, com o diálogo, uma solução para a problemática.

“Sei que há 9 anos os delegados estão tendo dificuldade de recomposição salarial. Por isso vamos ter que abrir esse debate. É óbvio que existem dificuldades, mas precisamos estreitar o diálogo sobre a valorização da categoria”, disse, acrescentando que buscará uma solução.

“É uma reivindicação justa, pela complexidade das funções, e tenho o compromisso de buscar uma solução, mas isso é um processo de construção que deve se dar ao longo do governo. No primeiro ano, faremos algo apontando para essa direção. Buscaremos, no diálogo com vocês, essa unidade em termos de remuneração”, revelou.

Sistematização das ações

Uma das principais defesas de Rogério Carvalho, quando se fala em segurança pública, tem relação direta com a necessidade de se mudar o sistema de dados que direcionam as ações.

Para isso, ele cita o uso da tecnologia como principal ferramenta de avanço dos trabalhos. “Precisamos ter muita tecnologia a nosso favor, com informações e um planejamento que integrem na operação todos os recursos humanos e de inteligência humana para que a gente possa diminuir a quantidade de pessoas que são molestadas e suas vidas ceifadas”, reforçou.

“Podemos definir, como estratégia, uma polícia voltada para a área rural e outras coisas, mas tudo tem que ser baseado em dados e numa conversa franca com quem faz a segurança pública. Não podemos excluir quem, na prática, faz a coisa acontecer. Porque se é feito acordo com amplo entendimento, podemos produzir uma segurança pública com mais participação e envolvimento, garantindo uma construção de uma sociedade mais segura”, completou.

Além disso, Rogério Carvalho falou sobre a utilização de ferramentas tecnológicas no processo de identificação de indivíduos em regiões remotas e socialmente vulneráveis.

“Podemos ter sistemas de identificação em lugares onde há mais vulnerabilidades e delitos, podendo ter identificação facial e outras tecnologias. Como pensar nisso, sem a digitalização dos indivíduos? Temos de pensar nisso para que tenhamos uma construção de dados que contribua com o trabalho dos agentes”, disse.

“Nossos jovens precisam ser protegidos”

Outra preocupação do futuro governador envolve a “cooptação de jovens” para o crime organizado. “Essa tipificação não é só responsável pela perda de vidas, mas no recrutamento de milhares de jovens. E isso precisa ser articulado junto com a Secretaria de Justiça. Porque, se deixarmos pessoas em prisão temporária, com criminosos esperando para recrutar, essas pessoas são cooptadas para o crime organizado”, informou.

“Precisamos, então, observar para que as ações caminhem em conjunto para não desarticular. Não podemos negligenciar isso, porque a relação precisa ser mudada”, prosseguiu.

Valorização dos servidores

Questionado sobre propostas que resultem numa maior valorização dos servidores públicos estaduais, Rogério Carvalho diz compreender a insatisfação vivida pelos trabalhadores da Segurança Pública, mas, de forma transparente, avaliou que, embora saiba da “defasagem salarial” enfrentada pela categoria, é preciso, primeiramente, averiguar as condições da economia do Estado.

“Sabemos da importância do tema, porque, se a gente tem compromisso com a reorganização dos gastos da economia como um todo, é possível pensar em como reorganizar a questão dos servidores. Porém, antes de qualquer medida, é indispensável que haja reorganização da matriz econômica do Estado”, ponderou.

“Áreas como esta precisam ter uma atenção muito dedicada e comprometida de quem resolver assumir o ônus de governar um Estado nas condições que Sergipe se encontra. E ser muito transparente na relação com os representantes de todas as categorias”, complementou.

“Segurança pública se faz com pessoas”

“Se a gente não zela pelo principal patrimônio que temos, que são os nossos colaboradores, não temos como fazer uma boa gestão. Porque segurança pública se faz com pessoas”, afirmou Rogério Carvalho, reafirmando seu compromisso com a manutenção do diálogo com a categoria.

Ainda dentro do contexto de valorização dos profissionais da Segurança Pública, ele reiterou que a “inteligência é o principal patrimônio que temos”.

“Pessoas que passaram por qualificação ao longo de décadas, foram descartadas. Não tem como descartar inteligência e não valorizar as pessoas. Vamos entrar nesse emaranhado, porque já que Sergipe tem o maior gasto per capita em Segurança Pública, precisamos saber onde está esse dinheiro”, disparou.

“Por isso, logo nos primeiros meses de gestão, vamos abrir o diálogo com as categorias, pois, antes disso, não temos como saber a materialidade das ações e o que precisa ser resolvido, porque um gestor só sabe o que se passa, de fato, quando assume e coloca a mão na massa. Não se faz uma construção honesta, sem seriedade. É preciso ter troca verdadeira”, complementou.

Diálogo honesto e transparente

Conforme exposto por Rogério Carvalho, em sua gestão, o diálogo será “honesto e verdadeiro” dentro de um “processo de discussão permanente”. “Precisamos criar uma cultura nova de relacionamento, respeitosa, séria e transparente entre servidores públicos e Governo. Conosco, não há distância na relação de demandas e diálogo. É preciso mudar essa cultura”, assegurou.

“A gente precisa ser referência em segurança pública, porque somos um Estado pequeno, mas o governo inteiro precisa trabalhar nisso, com foco na inteligência da Segurança Pública. E tenho absoluta clareza de como agir e trabalhar, e da importância dos agentes em suas atividades. Porque é na construção de entendimento, num debate permanente, que vamos garantir ações que beneficiem os cidadãos”, revelou.

Degradação das estruturas físicas

“É preciso que os profissionais trabalhem em ambientes adequados. O Estado não pode ter uma apresentação degradada. Precisa ter uma apresentação que mostre que é organizado, empoderado e que tem uma imagem para garantir que seja respeitado”, disparou Rogério Carvalho sobre as condições dos prédios que abrigam delegacias.

“Toda vez que vemos uma estrutura caindo aos pedaços, temos a prova do desleixo de quem governa o Estado atualmente. E isso se reflete diretamente em como o Estado é desorganizado e paralisado. Vamos redefinir isso para oferecer um serviço de qualidade a todos que atuam e termos uma imagem de Estado forte, inclusive naquilo que parece simbólico, que são as estruturas físicas”, comentou.

Rogério disse, também, que tem “consciência do valor simbólico” que a qualidade das estruturas físicas tem para os profissionais e, por essa razão, garantiu que Sergipe não mais terá “estruturas caindo aos pedaços no estado, porque isso depõe contra o estado”. “Quando está sem estrutura, significa que não tem organização. E nós vamos mudar isso”, ratificou.

Padronização dos prédios

Uma das maneiras para resgatar a dignidade dos profissionais, com ações que focam nas estruturas dos prédios, de acordo com Rogério Carvalho, envolve a padronização das edificações.

“Essa questão da padronização, para mim, é fundamental para que tenhamos condições de dar atendimento de qualidade e com eficiência. Além de tudo, o padrão nos dá a segurança de referência de custo, manutenção, preço para adequação. Existem muitas possibilidades econômicas e viáveis”, informou.

Lagarto

Um outro ponto abordado durante o debate se referiu às questões ligadas aos registros de violência em Lagarto, terra natal do futuro governador Rogério Carvalho. A cidade que, ao lado de Itabaiana concentra maior densidade populacional do interior sergipano, também está no foco das ações do escolhido por Lula.

“Faremos um debate amplo de como isso será executado no estado inteiro, e contarei com a experiência da inteligência da segurança pública. Porque em Lagarto, por conta da quantidade de povoados, a complexidade é ainda maior. As ações precisam ser adequadas de acordo com cada realidade e cada localidade, de forma muito sistêmica”, afirmou.

“Mas tudo será tecnicamente avaliado para que, assim, tenhamos referência nas ações”, esclareceu.

Reconhecimento

O presidente da Associação dos Delegados de Polícia de Sergipe (Adepol/SE), Isaque Cangussu, considerou como “bastante positiva a participação” de Rogério Carvalho no debate, destacando que o escolhido por Lula “expôs de maneira muito clara a sua visão e os seus projetos sobre segurança pública”.

“A proposta de definir padrões para as unidades da Polícia Civil foi bem recepcionada por todos os colegas. Ele não deixou nenhuma pergunta sem resposta, externando as suas posições nas mais diversas temáticas relacionadas à área”, concluiu o presidente da Adepol.

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