Nova direção do DCE da UFS tomará posse na quarta-feira, 19

“Vamos defender a democracia, o ensino público, gratuito e de qualidade e também melhor sistema de transporte público para Aracaju e Grande Aracaju”

A chapa 3 da disputa pelo comando do Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe (DCE/UFS) venceu a eleição e no próximo dia 19 assume a liderança do Movimento Estudantil na principal instituição de ensino superior do estado. A chapa foi formada a partir da junção de forças entre o Coletivo Quilombo, Levante Popular da Juventude, UJS e a JPT,  tem como presidente eleita para o período de 2023 a 2024 Bruna Fernando, estudante de Estatística do campus de São Cristóvão e diretora de Combate ao Racismo da União Nacional dos Estudantes (UNE). Fábio Henrique , diretor Financeiro eleito para a gestão Todo Mundo no DCE, que nos concedeu a entrevista à seguir, é estudante de Farmácia do campus Lagarto da UFS, secretário Geral do Centro Acadêmico de Farmácia de Lagarto e militante do Coletivo Quilombo

Eugênio Nascimento

Primeira Mão – Quantas chapas disputaram o comando do DCE da UFS no mais recente pleito?

Fábio Henrique – O início do processo eleitoral do Diretório Central dos Estudantes teve início em fevereiro deste ano, quando a comissão eleitoral, em reunião conjunta com todos os Centros Acadêmicos da UFS, aprovou as regras para esse pleito eleitoral. Nesse processo tiveram inscrição de três chapas para a disputa:

• Chapa 1 – Constituídos pela até então atual gestão do DCE;

• Chapa 2 – Conjuntura de estudantes da UJC e Coletivo Correnteza; e,

• Chapa 3 – Nossa chapa que foi uma junção de forças entre o Coletivo Quilombo, Levante Popular da Juventude, UJS e a JPT.

A votação dessa eleição ocorreu nos dias 21 e 22 de março em todos os campis da Universidade Federal de Sergipe. Esse processo eleitoral foi histórico para o movimento estudantil da UFS, tendo a maior participação da história do DCE da UFS, alcançando cerca de 5.801 votos válidos totais.

PM  – Quem comanda o DCE da UFS hoje? São opositores de vocês?

FH – Desde 2019 o Diretório Central do Estudantes da UFS vinha sendo dirigido pelo Coletivo Afronte e outras entidades do movimento estudantil. Durante a pandemia o DCE enfrentou uma direção interina, continuando a gestão já vinha à frente da entidade.

PM – Vocês assumem o DCE quando?

FH – A chapa 3, na qual trazia o nome Todo Mundo no DCE, teve como objetivo mudar a gestão da entidade e trazer novas representações estudantis que englobassem também os campi dos interiores do estado, pois até então gestão só detinha representatividade de um único campus. Nós tivemos 57,89% de todos os votos válidos, sendo 3.358 votos em todos os campis da UFS, a chapa mais votada da história. Nessa eleição houve também a votação para representações estudantis dos Conselhos Superiores da UFS: Conselho Universitário (CONSU) e Conselho Ensino, Pesquisa e Extensão (CONEPE); para a Associação Atlética Universitária (AAU) e Conselho Fiscal. Estamos organizando junto a comissão eleitoral nossa posse oficial, o que ocorrerá no dia 19 de abril a partir das 16h no auditório da didática 6 do campus de São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe. Convidamos a toda a comunidade acadêmica para comparecer, será um evento que terá a participação de alunos, professores, servidores de todos os campi.

PM – Como se deu o processo eleitoral? Qual foi a votação de cada chapa?

FH – Essa eleição se deu a partir de inscrição de três chapas para a diretoria executiva, na qual obteve o seguinte resultado:

• Chapa 1: 1.738 votos, representando 29,96% dos votos válidos;

• Chapa 2: 705 votos, representando 12,15% dos votos válidos;

• Chapa 3: 3.358 votos, consolidando 57,89% dos votos válidos.

PM – Quais as bandeiras de luta do grupamento vencedor internamente, na UFS?

FH – As forças que constituirão a nova gestão eleita desde sempre atua dentro da Universidade em luta por uma UFS que seja democrática, que ouça os estudantes e professores no sentido de acolher as demandas e resolver as dificuldades da comunidade acadêmica como um todo. Sempre nos reunimos com os Centros Acadêmicos da UFS, procuramos fazer movimentações de que essas pautas tivessem sempre resolutividade dentro da universidade e daqui para a frente isso não será diferente, continuaremos fazendo uma representação estudantil como sempre fizemos. Agora temos representantes de todos os campi da UFS, o que ajudará na descentralização da representação estudantil, que até então era muito centrada em São Cristóvão, e pretendemos trazer os discursões de políticas e assuntos da Reitoria também para os campi de Lagarto, Nossa Senhora da Glória, Laranjeiras, Aracaju, Itabaiana.  

PM – Quais as bandeiras de rua, mais ligadas aos interesses da sociedade como um todo?

FH – A bandeira de uma Universidade pública gratuita e de qualidade com certeza é a fundamental, isso sempre será nosso objeto de defesa. Mas como gestão de uma entidade que representa estudantes, uma parte da população, não estamos distantes dos movimentos sociais e isso nos coloca também como militantes juntos aos movimentos sociais e políticos de nosso estado. Atravessamos uma pandemia e o Estado de Sergipe viu a importância que foi a Universidade Federal de Sergipe para o enfrentamento dela. A UFS contribuiu ainda mais com ciência e a sociedade enxergou que o investimento em Universidade Públicas é muito importante, pois são as Universidades Públicas que produzem mais de 98% da ciência brasileira. Quando falamos de políticas afirmativas, estamos falando de inclusão e democratização de acesso a educação pública. A política de cotas provou a sua importância para incluir estudantes de todas as classes da sociedade dentro da Universidade, conseguimos pintar as instituições de ensino com a cor do povo, o que antes somente uma parte da sociedade tinha o privilégio de adentrar a uma Universidade, hoje podemos ter nossa juventude dentro do ensino superior produzindo ciência e pensando. A nova Gestão do DCE, Todo Mundo no DCE, tem isso como uma bandeira e vamos continuar lutando para que as políticas afirmativas da UFS sejam fortalecidas ainda mais. Daqui pra frente vamos manter o diálogo com a comunidade acadêmica e sociedade em geral para discutir educação superior, inclusive dos pilares da Universidade que é ensino, pesquisa e extensão. Vamos também dialogar com nossos parlamentares, pautar a questão de investimento público na educação superior, tentar captar emendas parlamentares para a UFS e assim ajudar no desenvolvimento de estrutura que tanto necessitamos.

PM– Uma bandeira sempre presente nas lutas estudantis é a melhoria do sistema de transporte e o preço da tarifa. Isso continua sendo prioridade? Por quê?

FH – Com certeza. Na cidade de Aracaju atualmente a gente enfrenta o problema do sistema público de transporte, que infelizmente temos um sistema sucateado e ônibus extremamente deteriorados. Os estudantes de Aracaju e Grande Aracaju precisam utilizar esse sistema de transporte público para chegar a Universidade, o que acaba interferindo diretamente na educação. Se o estudante não consegue pegar o ônibus em um determinado horário, ele perde a aula e não somente os estudantes, toda a classe trabalhadora necessita de ônibus e de um sistema com qualidade e com o valor de passagem acessível, não podemos pagar um valor de passagem cara e não ter transporte. Para além disso, temos também os estudantes interioranos, que precisam de ajuda das prefeituras dos municípios para chegar à UFS, isso também será um debate.

PM – E as bandeiras mais políticas?

FH – Quando falo de democracia dentro do movimento estudantil, me lembro logo da ditadura militar, pois foi nós estudantes que ajudamos a derrubar a ditadura em décadas passadas e até hoje resistimos a todas as formas de opressão e gritamos sempre DITADURA NUNCA MAIS. A defesa da democracia e do estado democrático de direito é uma obrigação de todos nós, defender nosso poder de escolha. Nos últimos quatro anos passamos pelo governo Bolsonaro, um governo fascista e que desde sempre foi inimigo da educação, tentou a todo custo sucatear nossas universidades e institutos federais com desinvestimento federal e com intervenções nefastas em todos os segmentos sociais, culminando em retrocessos desastrosos. Daqui pra frente temos esperanças de que traremos o Brasil de volta com o Governo Lula, inclusive com respeito a nossa soberania nacional e com investimentos dignos dentro da educação e para a classe trabalhadora de nosso país. E na Universidade? Queremos que haja consulta acadêmica dentro da UFS, que o Reitor seja escolhido democraticamente pelos estudantes, professores e técnicos da Universidade. A nova gestão do DCE carrega e carregará sempre essa pauta, das consultas acadêmicas para Reitoria e Direções Gerais de Campi, isso é uma bandeira cara para a gente.

(Eugênio Nascimento)

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