“A Cidade vem crescendo e o Sistema de Transporte não acompanha, exemplo disso é a área de expansão, para a qual não foi pensado o transporte”. A declaração é do vereador Ricardo Marques, que avalia o SIT como “arcaico”. Em entrevista ao Blog Primeira Mão, o parlamentar cobra transparência na Superintendência Municipal de Transporte e Trânsito (SMTT) para saber exatamente a realidade do transporte hoje, defende investimentos para melhorar o serviço e a licitação para nortear .
Eugênio Nascimento
PRIMEIRA MÃO – Como está o Sistema Integrado de Transporte de Aracaju e Grande Aracaju? Funciona bem?
RICARDO MARQUES- O sistema integrado de transporte de Aracaju está arcaico, desatualizado, é o mesmo desde a época que foi criado na década de 80. A cidade cresceu muito e de lá para cá não ocorreu nenhuma mudança significativa. Muitas linhas foram criadas e outras retiradas sem nenhum tipo de estudo de impacto para a população e para o próprio sistema. A Cidade vem crescendo e o Sistema de Transporte não acompanha, exemplo disso é a área de expansão, que não foi pensado o Transporte para o local. Nos últimos anos novos modelos de operação surgiram e podem ser adaptados ao nosso como a integração temporal, onde o passageiro tem um tempo de aproximadamente 2 horas com uma única tarifa e o bilhete único. Infelizmente falta transparência na SMTT para saber exatamente a realidade do nosso transporte hoje.
PM – Quais são os principais problemas?
RM – Um dos principais problemas que temos é a falta de investimentos no setor. E quando falo em investimento, não estou falando apenas de subsídios para as empresas. Cito também fortalecimento da fiscalização, regulação, segurança jurídica para as partes que movem sistema e transparência. Tudo isso nos faz voltar para a Transparência desse segmento, que faz com que todos tenham direitos e deveres. Logo, maiores responsabilidades.
PM – Essa licitação que vem pela frente poderá saná-los?
RM – A licitação dará um norte. Com ela, se for feita de forma transparente, saberemos onde estamos hoje e onde queremos chegar, com a segurança jurídica necessária para manter o sistema funcionando, além do controle operacional contínuo, permitindo, legalmente, alterações importantes para a Cidade. Bem como, o levantamento de Origem e Destino das pessoas, que não sabemos. Esta informação é crucial para qualquer alteração no Transporte Público.
PM – Por que Aracaju não tem ônibus com ar condicionado em atividade?
RM – Na verdade precisamos de renovação da frota. Os veículos que circulam em Aracaju tem uma média de 10 anos, isso sem falar em alguns que ultrapassam os 15 anos. Não sabemos nem quais as regras de permissão para idade máxima de um ônibus em Aracaju, o que sabemos é o que vemos em outras Cidades, variando de 10 a 12 anos. No entanto, deve-se manter uma idade média. Logo, uma renovação contínua, sempre prezando pelo controle de toda a operação. Quando se fala em ar-condicionado parece que é um luxo, porém essa é uma visão distorcida quando se pensa em transporte público só para pobre, ou quem não tem carro. Na verdade, quando se fala em mobilidade, o principal investimento deve ser no transporte coletivo. Menos carros nas ruas, menos poluentes, mais celeridade para os deslocamentos de todos e isso é conceder bem-estar para a população.