A experiência do valor da passagem de ônibus não pode ser baseada exclusivamente na comparação da população de uma cidade. Existem diversos fatores a serem considerados na definição do preço justo e equilibrado das passagens de ônibus.
Primeiramente, é importante analisar os custos operacionais do sistema de transporte público em cada cidade. Independentemente do tamanho da população, os custos envolvidos na operação dos ônibus, como combustível, manutenção da frota, pagamento de motoristas e funcionários, devem ser levados em conta. Em Aracaju existe manutenção dos ônibus e pagamento correto dos funcionários? Deixo a resposta para o leitor.
Outro aspecto relevante é a demanda por transporte público. Cidades com maior população geralmente têm uma demanda mais intensa, o que pode resultar em uma maior oferta de linhas e veículos. No entanto, isso também pode implicar em custos maiores para atender a essa demanda e manter a qualidade do serviço.
Realizei um levantamento de dados sobre o valor das passagens de ônibus urbano e a população nas Capitais do Nordeste com o objetivo de tornar mais ávido o clamor da transparência nos custos deste serviço e demonstrar que é preciso intervir de imediato no que já está colapsado.
Aracaju representa 5,41% da população do Nordeste, Censo de 2021, e a terceira maior passagem com o valor de R$4,50 (quatro reais e cinquenta centavos), ficando atrás somente de Salvador (R$4,90) e João Pessoa(R$4,70). Ambas possuem representatividade populacional na região em epígrafe, respectivamente, de 21,79% e 6,66%.
Um dado que me chamou, expressivamente, a atenção é que Aracaju tem a mesma tarifa que Fortaleza, uma cidade que possui 21,88% da população do Nordeste e que por isso necessita de uma frota maior. Para esta comparação trago um índice valioso: densidade demográfica. Segundo o IBGE Aracaju possui 3.140,65 hab/km², já Fortaleza 7.786,44 hab/km² (Fonte: Ibge, ano 2010), ou seja, mais que o dobro de população por metro quadrado.
Não satisfeito, realizei a comparação entre as duas Cidades do Produto Interno Bruto Per Capita, que mede a produção, por habitante, do conjunto dos setores da economia. Ele indica o nível de riqueza econômica, possibilitando a comparação entre regiões. Os números encontrados no site do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE (2021) foram: R$ 24.253,93 em Fortaleza e R$ 24.735,91 de Aracaju.
Então, me pergunto: Qual a diferença entre as duas Cidades? Já que possivelmente a capital cearense necessite de mais ônibus, percorra uma quilometragem maior, maior quantidade de passageiros, gasto maior de combustível e outros índices que não podemos expor simplesmente por não termos conhecimento, uma vez que não há transparência.
Pois bem.
Por não ser leviano, entendo que os preços dos insumos sobem. No entanto, não aceito tornar o valor da passagem de ônibus na Nossa Aracaju desproporcional à vida das pessoas, ou melhor, de quem utiliza esse meio de transporte. Preços mais altos podem dificultar o acesso a serviços essenciais, como empregos, educação e saúde, especialmente para as classes mais competitivas da população. Além disso, essa desigualdade também perpetua disparidades socioeconômicas. As pessoas com menor poder aquisitivo são as mais sujeitas à falta de acesso a um transporte público acessível e de qualidade, o que aumenta as barreiras à mobilidade social e restringe suas oportunidades.
Para abordar a desproporcionalidade nos preços das passagens de ônibus, é fundamental que as autoridades responsáveis pelo transporte público adotem medidas eficazes. A primeira etapa deve ser a licitação deste serviço.
Veja tabela com os valores das tarifas nas capitais do Nordeste e a População.
