Fatores de risco para evolução desfavorável em portadores da covid-19

Antônio Carlos Sobral Sousa – Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação

Ainda não conseguimos superar a devastadora “onda” da COVID-19, causada
pelo contagioso vírus SARS-CoV-2, que tem sobrecarregado os sistemas de saúde,
estrangulado a economia e ceifado, impiedosamente, vidas. Os esforços titânicos,
desprendidos pelas sociedades médicas e científicas, esbarram na ausência de
medicamentos específicos, nas desinformações promovidas pelas Fakes Coronavírus
(tema abordado em edição anterior deste periódico) e, na indisponibilidade, ainda, da
almejada vacina.


Na esteira dessa pandemia, têm-se constatado que, certas comorbidades tornam
os seus portadores mais vulneráveis a desfechos desfavoráveis. Este grupo de risco é
constituído pelos idosos, os obesos e àqueles portadores de doenças cardiovasculares,
hipertensão arterial sistêmica, diabetes mellitus, doença pulmonar obstrutiva crônica,
câncer e insuficiência renal crônica.


Até o momento, não se conhece, totalmente, os mecanismos do aumento de risco
na referida população. Todavia, observações procedentes de Wuhan, China, onde tudo
começou, dão conta de que a letalidade da COVID-19 (total de mortes, dividido pelo
total de positivos) entre aqueles com doenças subjacentes foi de 10,5%,
comparativamente a 2,3% dos não pertencentes ao chamado grupo de risco. Ao que
parece, idosos e pessoas com várias condições médicas, são mais suscetíveis às
complicações relacionadas à infecção, por causa de deficiência do sistema imunológico
e por apresentarem maior propensão a desenvolver infecções bacterianas secundárias. Acredita-se, também, que tanto a infecção viral, como as patologias do grupo de risco
compartilham mecanismos fisiopatológicos, como a disfunção endotelial e a
inflamação, responsáveis por favorecerem o aparecimento das complicações
pulmonares, cardíacas, renais, neurológicas etc., observadas na COVID-19.


Portanto, nesta fase em que várias cidades já começam a adotar a flexibilização
do isolamento, clamada pela queda econômica, os que compõem o grupo de risco só
devem abandonar as suas trincheiras para atividades essenciais. Devem, ainda, não se
descuidar das vacinações recomendadas, do uso das suas medicações habituais e das
medidas essenciais de prevenção: alimentação e hidratação adequadas; pratica de
exercícios físicos regulares, mesmo em casa; uso de máscaras para eventuais deslocamentos e, fazer higiene, sobretudo, das mãos. Vale ressaltar, ainda, que se apresentar queixas cardiovasculares, procurar, a segurança do atendimento médico.

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