Antônio Carlos Sobral Sousa – Professor Titular da UFS e Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação
Aprendemos, com o desenrolar dessa fatídica Pandemia que, aproximadamente, 15% a 20% daqueles contaminados pelo SARS-Cov-2 evoluem para uma fase inflamatória a qual pode ter consequências nefastas por comprometer, muitas vezes seriamente, órgãos nobres como o coração, os rins, o cérebro, os vasos sanguíneos (causando trombose tanto venosa, como arterial) e os pulmões. Vale ressaltar, que têm sido relatadas complicações desta virose em, praticamente, todo o organismo. Desde os relatos iniciais, no outro lado do mundo, já se passou a identificar um grupo com potencialidade para evolução desfavorável, inclusive a fatal. Seria o formado por idosos e os portadores de comorbidades como a hipertensão arterial sistêmica, a diabetes, a obesidade e as doenças cardiovasculares e renais.
Imaginava-se, portanto, que as crianças, quando acometidas, teriam um prognóstico favorável e que o maior problema, nesta faixa etária, seria o de transmitir a doença para familiares, sobretudo os idosos. Todavia, a literatura médica especializada está eivada de relatos de acometimentos graves da Covid-19 em crianças a adolescente. A toda hora, ouvimos relatos dramáticos de pais aflitos, com seus filhos internados em UTIs, mundo afora. A verdade é que, independentemente da faixa etária, todos estão sujeitos à loteria da fase inflamatória da doença, para a qual, não se pode prevenir, nem existe, até o momento, nenhum tratamento específico. O mais intrigante, dessa enigmática virose, é que não se sabe quão eficaz e duradora é a tal imunidade, adquirida pelos que já foram acometidos por essa virose e quando as suas vítimas se livram, definitivamente, de suas consequências. Assim, o pensamento inicial, advogado por muitos, de que não seria ruim, para uma determinada criança contrair a doença porque ficaria livre, definitivamente, da mesma, não ganhou adeptos.
Finalizo, afirmando que a Covid-19 tem que ser respeitada. Portanto, não vale a pena arriscar contraí-la. Para tal, enquanto não dispomos da esperançosa vacina, temos que seguir as regras comprovadamente eficazes: higenizar as mãos, usar máscaras e manter o distanciamento social.