Alexandre de Jesus dos Prazeres
Bacharel em Teologia, Mestre em Ciências da Religião e Doutor em Sociologia
Os dois meses que transcorreram após o resultado das eleições no Brasil (com o anúncio da vitória de Lula) foram marcados pela ausência e o silêncio de Bolsonaro. Como exposto pelo vice-presidente Mourão, com “o silêncio ou o protagonismo inoportuno e deletério”, Bolsonaro criou “um clima de caos e de desagregação social.” Isto serviu como estímulo aos delírios dos bolsominions acampados em frente aos quartéis do Exército e como uma forma de se eximir de responsabilidade com relação as consequências das ações praticadas por seus apoiadores.
Enfim, não é segredo para ninguém que o Bolsonaro está recluso e deprimido desde que foi derrotado nas urnas em 30 de outubro de 2022. Também não é segredo para ninguém a sua incapacidade de demonstrar empatia no tocante ao sofrimento alheio. Quase 700 mil brasileiros morreram vítimas da pandemia e mesmo assim não ouvimos de Bolsonaro uma expressão de pesar ou discurso manifestando condolências aos familiares dos que morreram. Bolsonaro lamenta por si mesmo, pelo seu destino e por eventuais reponsabilizações que possam vir como consequências por suas ações.
Bolsonaro fez uso de estratégia similar a de Trump, construindo uma atmosfera de dúvidas acerca do sistema eleitoral e permitindo através da omissão e silêncio que seus apoiadores criassem o caos após a sua derrota.
Todavia, ao ausentar da Cerimônia de posse de Lula para não ter que transmitir a faixa presidencial, poupou a todos da sua inconveniente presença. A faixa presidencial foi transmitida por um grupo de pessoas que representaram a diversidade do povo brasileiro, além de um representante animal, a cachorrinha Resistência. A festa estava completa, harmônica e repleta de simbolismos, a presença de Bolsonaro só serviria para atrapalhar o momento. A ausência de Bolsonaro criou o ambiente e a oportunidade para o protagonismo do povo brasileiro.