José Carlos Santana (médico cardiologista e professor da UFS)
Com 2,3 milhões de habitantes o estado de Sergipe fecha o mês de julho com cerca de 60 mil casos confirmados e quase 1.500 óbitos pelo novo coronavírus, estando há dois meses com a média diária maior que 20 mortes.
No vizinho estado da Bahia com 15 milhões de habitantes são 160.000 casos e foram cerca de 3.500 óbitos. Comparadas as proporções das duas populações a Bahia teria, se aplicada a taxa de letalidade em Sergipe, perto de 11.000 mortos.
Os nossos números de casos e óbitos são praticamente os mesmos do outro vizinho Alagoas, mas, também, proporcionalmente piores quando destacamos a população de lá que é de 3,1 milhões de habitantes.
Mais estarrecedora é a comparação entre o estado de São Paulo, o mais rico do Brasil (PIB de 2019 de 2,3 trilhões de reais) e a Argentina (PIB de 2019 de 3,4 trilhões de reais) ambos com cerca de 45 milhões de habitantes e 23.000 mortes em São Paulo contra 3.500 entre os hermanos.
O Brasil da Cloroquina, Ivermectina, Annita… continua entre os países com os piores indicadores da doença e com prognósticos extremamente sombrios.
Fica em nós um misto de medo, lamento e vergonha pelo conjunto de tropeços e desalinhos das autoridades governamentais, negacionismo estupido de outros e desrespeito de significativa parcela da população em não acatar as mais elementares recomendações médicas e sanitárias com o propósito de reduzir os contágios.