A UFS e a educação Pós-Pandemia

Valter Joviniano de Santana Filho
Vice-Reitor da Universidade Federal de Sergipe

É fundamental discutirmos os rumos que a Universidade brasileira tomará após o restabelecimento da situação de normalidade ou, como alguns tem chamado, nova normalidade, já que dificilmente hábitos, protocolos de atendimento, relações de trabalho, situações de viagens, lazer, eventos esportivos ou científicos e até mesmo dimensões de turmas em escolas e universidades serão os mesmos após a dura experiência imposta pelo novo coronavírus. Nesse sentido, a UFS tem trabalhado em ajustes no seu modelo de gestão para enfrentar os desafios trazidos pela pandemia do Covid-19 nos mais diferentes aspectos.

De início, é preciso levar em conta que um olhar especial deverá estar na concepção de estratégias pedagógicas que considerem esse novo cenário, buscando nele evitar que as desigualdades sociais se ampliem. E o risco disso ocorrer é, sim, enorme. Cabe a nós, enquanto profissionais da educação, promover iniciativas que evitem tal prejuízo.

O acesso à educação, bem tão precioso e fundamental ao desenvolvimento de qualquer sociedade, precisa estar garantido a diferentes grupos sociais. O respeito à diversidade, o olhar atento à realidade que circunda a Universidade Federal de Sergipe, será essencial para que possamos levar adiante medidas que colaborem com a construção de uma instituição na qual todos possam se sentir incluídos, uma universidade que atue integrada para dirimir os problemas deixados pelos tempos de pandemia, pelas dificuldades financeiras já existentes antes dele, mas agora certamente ampliadas.

Na UFS do presente, temos trabalhado atentamente para, observando os nossos próprios indicadores, desenharmos ações num futuro próximo, desafiador, mas também com imenso potencial para nos exigir reinvenções e crescimento como instituição e como cidadãos.

Assim sendo, a ampla discussão sobre flexibilização de currículos, acesso a novas tecnologias, formatos de aulas, o apoio pedagógico e psicológico ao discente, iniciativas inovadoras para a formação continuada de nossos docentes e servidores, programas pedagógicos com olhares específicos,  a descentralização das ações, o monitoramento frequente, exploração dos recursos da informática para subsidiar decisões de gestão acadêmica, a necessidade de avançarmos nas parcerias com os governos estadual e municipais –  algo intensificado nos tempos da pandemia – devem funcionar como coordenadas das providências a serem tomadas não só na nossa graduação e na pós-graduação, mas também no nosso Colégio de Aplicação (CODAP).

Como tem ocorrido em outras universidades do mundo, a UFS precisará não apenas de reflexões contínuas, mas também de ações coordenadas em torno dos usos das novas tecnologias da informação e comunicação em atividades educacionais. As suas diferentes instâncias deverão agir articuladamente para oferecer suporte aos docentes na elaboração de aulas, cursos e palestras que envolvam o uso de TICs, bem como para garantir ao discente a continuidade da qualidade da formação que se tornou marca da instituição em seus mais de cinquenta anos de existência.

Depois de tanto esforço para “afastar” as pessoas, providência essencial para evitar a propagação do vírus, precisaremos atentar para a importância de acolher bem os nossos discentes. E as iniciativas já realizadas pelos campi Lagarto e Glória, mas também pelo CODAP, certamente serão valiosas para a manutenção e ampliação das ações de acolhimento discente. A chegada de novos alunos deve ser planejada pela instituição de forma a proporcionar a elas e eles uma acolhida humanista, segura do ponto de vista sanitário, promovendo a sua rápida adaptação ao cotidiano universitário e evitando problemas que se desdobram em retenção ou evasão escolar.

O contexto pós-pandemia trará muitos desafios à UFS. Desafios complexos, cenários inéditos e poucas brechas para equívocos. Nesse novo contexto, a gestão deverá manter-se atenta de forma a integrar da melhor maneira os seus processos internos, assim como estabelecer diálogos intensos com a nossa sociedade. A colaboração hoje existente entre a Universidade e órgãos de controle, a classe política em suas mais diferentes tendências, entidades diversas, das forças de segurança a agências reguladoras e classe empresarial, deverá ampliar-se se queremos proteger o nosso estado. As parcerias com outras instituições de ensino superior, além de secretarias de Educação em diversos municípios, certamente serão reforçadas. Tudo isso porque o desenvolvimento de Sergipe não pode prescindir da sua única universidade pública. Afinal de contas, antes, durante e depois da pandemia Covid-19, a UFS serviu, serve e servirá aos sergipanos.

Rolar para cima