José Carlos Santana – Médico cardiologista e professor universitário
Mesmo para os bons alunos nem tudo que é ensinado será assimilado
e/ou incorporado no seu cotidiano pessoal ou profissional. Omesmo deveráser com relação aos hábitos e condutas das pessoas na pós-pandemia do novo coronavírus já que, infelizmente, não podemos dizer que teremos o pós-COVID-19, ele veio para ficar omo mais um parasita na espécie humana.
Enquanto o mundo tenta se adaptar à nova realidade em meio aos crescentes casos da doença, as pessoas vão se adequando e incorporando alguns ensinamentos diante do que observam ao seu redor e das inúmeras recomendações dos especialistas em contatos pessoais e através das diversas mídias disponíveis. Mesmo que tenhamos vacinas eficientes, os cuidados com a higiene pessoal certamente será o maior legado da pós-pandemia. O lavar frequentemente as mãos diminui em mais de 40% a contaminação por milhares de outros agentes infecciosos como vírus, bactérias, fungos, cistos e ovos de vermes, causadores de gripes, pneumonias, gastrenterites, conjuntivites etc.
Outros hábitos e condutas deverão se perpetuar entre os profissionais de saúde em usarem máscaras faciais durante atendimentos ambulatoriais e hospitalares; os cuidadores de crianças e idosos terão maiores precauções durante suas tarefas com muita proximidade interpessoal, além da dispensação pública e o porte pessoal de álcool em gel.
Ainda não é possível saber se, ou quando, esse isolamento será um capítulo do passado, isso, também, vem causando uma gigantesca onda de implicações psicológicas notadamente entre os idosos que passaram a ter a solidão como companhia inseparável. O contato social, o afeto e as trocas são importantes para o equilíbrio mental. Entre as criancinhas um aspecto novo terá efeito na modulação de suas imunidades adquiridas, além do leite materno e das vacinas, pela exposição aos próprios agentes infecciosos agora, em tese, mais distantes por conta das novas medidas de higiene e distanciamento que deverão ser incorporadas.
Nem toda doença viral determina imunidade duradoura ou sequer são preveníveis por vacinas, muitas delas são antigas e endêmicas em todo o mundo, como por exemplo a HIV-AIDS desde 1982, a Gripe Aviária (cepa A H7N9) desde 2013, SARS CoV desde 2003, MERS-CoV desde 2012, Dengue nas américas desde o século XVI, entre outras.
Ganha sustentação as teorias de que as mudanças climáticas e o crescente descuido dos humanos com a natureza tenham favorecido a atual pandemia e que possa facilitar outras tão ou mais graves. Com todos os avanços tecnológicos desenvolvidos para facilitar a qualidade de vida das pessoas os efeitos colaterais impactantes sobre a saúde são, em muitos casos, trágicos e inevitáveis.