As sete maravilhas de Sergipe

Afonso Nascimento
Advogado e Professor de Direito da UFS

Inventariar as sete maravilhas sergipanas – eis aí uma tarefa muito difícil. Eu sei que a palavra “maravilhas” pode parecer um exagero, mas também me dou direito de exagerar de quando em vez. Escolhi dois critérios, a saber, maravilhas da natureza ou naturais e maravilhas artificiais ou de criação humana. Ao final da leitura, peço ao leitor que não inclua esse artiguinho no rol de textos para fomentar o turismo em Sergipe ou entre coisas do sergipanismo. Não mencionarei as omissões, porque elas são inevitáveis num tal exercício.

Começo as maravilhas com que nos presentou a natureza sergipana. Os manguezais sergipanos são a minha primeira das sete maravilhas. São bonitos, são muito verdes, bem tropicais. Além de Aracaju, eles estão espalhados pelas beiras dos rios sergipanos, como Cotinguiba. A minha segunda maravilha são os canaviais. Tudo bem, eu sei que eles são plantações humanas etc. É uma pena que os pintores das coisas sergipanas ainda não tenham percebido a sua beleza. Nos países do Caribe plantadores de cana de açúcar, pintores “naifs” constroem telas incríveis retratando essas belezas. Agora, os intermináveis canaviais de Alagoas e de Pernambuco são cansativos, pouco importando se a gente está viajando de avião ou de carro, porque só vemos aquele verde sem fim. Felizmente em Sergipe, os canaviais são em número menor.

Os canyons de Xingó não poderiam faltar em qualquer lista das maravilhas de Sergipe. Na verdade, todo o Rio São Francisco é muito legal. Quando for construída uma ponte ligando Sergipe a Alagoas, na foz do mesmo rio, eu a incluirei como outra maravilha. Uma quarta maravilha natural são os cajueiros de Aracaju. É provavelmente a árvore mais bonita do mundo e ela dá a Aracaju um marketing turístico espontâneo, natural, mas mal aproveitado. É lamentável que essas árvores estejam desaparecendo da cidade. Deixarei de elencar a Serra de Itabaiana porque os governos e o setor empresarial de Sergipe ainda não souberam explorar a sua beleza potencial.

Entre as maravilhas que são criações humanas, as primeiras são as cidades históricas de Laranjeiras e São Cristóvão – e um pouco de Estância. Quinta maravilha então. Realmente, elas são conjuntos arquitetônicos belíssimos que englobam igrejas barrocas, sobrados, ruas, pontes, entre outros destaques, resultados históricos de muita riqueza derivada da cana de açúcar. As demais cidades sergipanas, afora Aracaju, são – vou criar coragem para dizer – horrorosas! Parece até que os prefeitos sergipanos competem entre si pela medalha de ouro de ter a cidade mais feia – quando deveriam fazer o contrário. E isso nada tem a ver com pobreza das cidades. Tome, por exemplo, Itabaiana, cidade próspera, mas onde são construídas “casas caixotes” com uma parte de baixo e um andar. Tudo igual. Falando de um modo geral e sem querer insultar ninguém daquela e de outras cidades semelhantes, comerciantes têm bom gosto em qualquer área?

A sexta maravilha criada pelos sergipanos são algumas casas-grandes que ainda estão em bom estado de conservação. Elas são muitas no Rio de Janeiro ou em São Paulo, transformadas em locais de turismo e lazer. Em Sergipe, destacarei apenas aquela de Santa Luzia de Itanhy. Tudo bem, eu sei que elas têm uma associação negativa por causa da escravidão (idem os canaviais), mas como conjunto arquitetural elas me agradam muito. Se o leitor ainda não estiver ficado satisfeito com o meu adendo, colocarei mais outro. Certo, certo, essas belezas arquitetônicas foram todas levantadas pelos escravos sergipanos!

A sétima maravilha sergipana são as mulheres sergipanas. Escolhi falar delas no fim para terminar o artigo no melhor estilo, mas bem que poderia ter feito isso no seu começo, pois elas também fariam parte da natureza. Sergipe tem as mulheres mais bonitas do Brasil. É certo que existem certos lugares com mulheres bonitas por aí afora, mas aí elas parecem todas iguais. Em Sergipe, ao contrário, existe uma diversidade muito grande de mulheres, com beleza para todos os gostos. Concursos de beleza deveriam ser incentivados em todas as favelas, em todos os bairros e em todas as cidades sergipanas para haver uma valorização maior das mulheres. Mas essa valorização precisa estendida ao respeito dos seus direitos. A presidenta Dilma Roussef ainda pode ajudar – e muito – nesse processo de afirmação dos direitos da mulher sergipana e brasileira.

Rolar para cima