José Carlos Santana Oliveira – Cardiologista clínico e ex-professor do curso de Medicina da UFS
“Não devemos postergar nossas responsabilidades sociais… Afinal sabemos as diferenças
entre instinto, necessidade, ideologia e inteligência.”
As “quarentenas” são períodos variados de isolamento de grupos de pessoas, lugares ou
animais com reconhecidos riscos para contraírem uma determinada infecção de elevada
contagiosidade e mortalidade. No caso particular do COVID-19 o período preconizado depende
de variáveis epidemiológicas e da capacidade do sistema de saúde tradicional e ampliado em
suportar com eficiência as demandas tradicionais somadas aos casos graves produzidos na
pandemia.
Se uma pessoa esteve em contato com algum doente, mesmo nas formas brandas da doença,
deverá ficar em “quarentena”, aqui de 2 semanas, para ver se desenvolve sintoma(s) da virose.
Já a pessoa com sintomas compatíveis, mesmo antes da confirmação laboratorial, deverá
permanecer em isolamento rígido, portanto, privada de contato social. pelo período mínimo
de 2 semanas e, dependendo da evolução, poderá se prolongar até que cesse sua capacidade
de transmissão do vírus.
O isolamento pode ser domiciliar ou hospitalar sendo medida adotada para segregar pessoas,
sintomáticas ou não, que estejam sob investigação clínica e laboratorial de modo a coibir a
propagação da doença e transmissão local.
A “quarentena” para os sadios e as medidas de higiene e proteção individual são, neste
momento da pandemia, as únicas formas de atenuar o número de novos casos e, também, de
fundamental importância porque já estamos experimentando os limites de acolhimento do
sistema de saúde com uma lamentável “curva descendente” dos profissionais de saúde por
estarem contraindo a doença e alguns que, para se poupar, tendem a reduzir suas cargas de
trabalho podendo, em muito breve, levar todo o sistema de saúde ao CAOS com graves
repercussões sociais.
A complexidade e as repercussões dessas medidas na própria saúde física e psicológica das
pessoas devem ser cuidadosamente observados numa relação custo-benefício de difícil
abordagem pelo próprio ineditismo de uma pandemia causada por um “fragmento de vida”
que desafia a avançadíssima ciência moderna e nos faz enxergar que os humanos, à luz da
natureza, não têm qualquer privilégio.
“São atos irresponsáveis e desumanos, principalmente para as populações mais vulneráveis
e para os heróis da linha de frente, comportamentos que possam favorecer a acelerada
propagação da doença”.