Atividade física e pandemia de COVID-19

Dr. Vitor Oliveira Carvalho – Professor Adjunto do Departamento de Fisioterapia e do programa de Pos-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).


Dr. Lino Sérgio Rocha Conceição – Professor substituto do Departamento de Fisioterapia e egresso do programa de Pos-graduação em Ciências da Saúde (PPGCS) da Universidade Federal de Sergipe (UFS).

Atividade física e pandemia de COVID-19

A pandemia de COVID-19 trouxe grandes implicações não somente em termos de saúde pública, mas também em termos econômicos e sociais. Com o objetivo de diminuir a transmissão do vírus, a organização mundial de saúde (OMS) e outros órgãos sanitários forneceram recomendações específicas que mudaram o comportamento e os hábitos da população em geral, tais como higiene pessoal, o uso de máscaras e distanciamento social (“fique em casa”).

À medida que estudos científicos começaram a estar disponíveis, a obesidade foi revelada como um importante fator de risco para uma pior evolução da COVID-19, o que colocou, mais uma vez, o foco na adoção de hábitos de vida saudáveis. Entende-se por hábitos de vida saudáveis a cessação ao tabagismo, o uso não abusivo de bebidas alcoólicas, dieta balanceada, combate a obesidade e prática de atividade física.

A prática de atividade física e a redução do comportamento sedentário já estão muito bem consolidados na literatura científica como hábitos de baixo custo que diminuem as chances de morte por doenças crônicas não transmissíveis, tais como distúrbios cardiovasculares e câncer. Contudo, na pandemia, as restrições ao uso de espaços públicos e a recomendação de ficar em casa resultaram em uma redução significativa nos níveis de atividade física e aumento do comportamento sedentário da população em geral. Além disso, hábitos alimentares e de sono também foram negativamente afetados durante os períodos mais críticos da pandemia.

Um estudo mostrou que as pessoas que frequentemente se exercitavam antes do “lockdown" mantiveram o hábito, enquanto aqueles que raramente se exercitavam aumentaram os níveis de atividade física. Este comportamento pode estar associado ao receio de uma pior evolução da COVID-19. Este mesmo estudo mostrou que aqueles que reduziram a frequência de exercícios relataram piora do humor em comparação com aqueles que mantiveram ou aumentaram a frequência de exercícios.

É importante destacar que para sermos ativos fisicamente não necessariamente precisamos frequentar uma academia. É possível movimentar-se em casa por meio de atividades cotidianas, como arrumar a casa ou até mesmo participar em programas de exercícios físicos com acompanhamento virtual. Imagine que, durante as atividades matinais, uma pessoa preparou o café da manhã por aproximadamente 20 minutos, limpou o chão por 10 minutos e em seguida deu banho nas crianças por mais 15 minutos. Assim, levando-se em consideração que cozinhar, limpar o chão e dar banho nas crianças são atividades físicas de intensidade moderada, naquela manhã esta pessoa atingiu mais de 30 minutos de atividade física de intensidade moderada e está de acordo com recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) para a prática de atividade física mesmo estando em casa (150 minutos de atividade física de intensidade moderada, 75 minutos de atividade vigorosa ou de alta intensidade ou mesmo uma combinação equivalente). Veja que, muitas vezes ja estamos realizando atividade física de acordo com o recomendado e nem nos damos conta. Outras vezes, somos reféns do sofá e este exemplo mostra que podemos mudar nosso hábito e sermos mais ativos fisicamente sem necessariamente sair de casa.

Vale ressaltar que um programa de exercício físico envolve a sistematização da atividade física para objetivos específicos, tais como aumento da força muscular e melhora do condicionamento cardiorrespiratório. Além disso, é fundamental que um programa de exercício físico seja prescrito e conduzido por um profissional habilitado para maximizar os resultados e minimizar potenciais riscos ou lesões. Hoje em dia contamos com recursos tecnológicos interessantes para tornar factível a realização de um programa de exercícios em casa. Seja como for, é importante pelo menos atendermos às recomendações da OMS para a prática de atividade física mesmo estando em casa. Que a pandemia de COVID- 19 seja uma oportunidade para tornarmo-nos mais ativos fisicamente e que possamos perpetuar este hábito de vida saudável por toda vida.

(Coordenação Dr. Ricardo Gurgel – COLUNA CIÊNCIA E SAÚDE
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE)

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