Em 14 de março de 2020, Sergipe teve a confirmação do primeiro caso do novo coronavírus, infecção de alto potencial de transmissibilidade, que se alastrava pelo mundo, já sendo considerada pandêmica pela Organização Mundial de Saúde (OMS). O caso importado não pegou a Secretaria de Estado da Saúde (SES) desprevenida. Longe disso, estava atenta aos rumores que corriam na China quanto à descrição da nova doença.
Isso porque, através da Vigilância Epidemiológica, a Secretaria de Estado da Saúde trabalha na análise de situações e na identificação de riscos à população, mesmo que estes ocorram em lugares distantes, visto que podem chegar a Sergipe. “A Vigilância Epidemiológica trabalha com a possibilidade da existência de surtos, epidemias e pandemias, em articulação com a rede nacional de Centros de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (Cievs), que tem como ponto focal a identificação de ameaças à saúde da população”, explicou a secretária de Estado da Saúde, Mércia Feitosa.
Enquanto seguia atento à movimentação e circulação do novo coronavírus no estado, o Governo começava a preparar a estrutura de enfrentamento à Covid-19. Um plano de contingência foi criado em parceria com o Conselho de Secretários Municipais de Saúde em Sergipe (Cosems), orientando os cuidados e ações que as redes de saúde pública e privada teriam que adotar para o tratamento dos pacientes e o controle da transmissão do vírus no Estado.
Muito pouco se sabia sobre o novo coronavírus, mas os técnicos da Secretaria de Estado da Saúde tinham consciência de que o vírus era de transmissão respiratória e fácil contágio e que era preciso agir rápido tanto para montar a estrutura hospitalar que o cenário epidemiológico anunciava, quanto para retardar o máximo possível a transmissão. “Naquele momento foi fundamental a implantação das medidas de restrição da movimentação de pessoas pelo governo do Estado, porque ganhamos tempo para estruturar e organizar a rede de assistência”, disse a secretária.
Implantação de leitos Covid-19 de UTI e de enfermaria, aquisição de equipamentos de proteção individual (EPIs), organização dos serviços de saúde, treinamento das equipes, readequação dos espaços físicos de hospitais e Unidades de Pronto Atendimento e contração de profissionais de saúde por meio de Processos Seletivos Simplificados (PSS) foram algumas das providenciais adotadas antes da chegada da primeira onda da pandemia, como elencou o diretor de Vigilância em Saúde da SES, Marco Aurélio Góes.
Assim, o número de leitos de UTI na rede pública estadual pulou de 27 para 209,enquanto os de enfermaria somavam 409. Foram adquiridos 186 novos respiradores pulmonares e contratados 1.464 novos profissionais de saúde para atuação nas áreas Covid-19. Foram investidos R$ 5,3 milhões na modernização da infraestrutura hospitalar e adquiridos equipamentos, insumos e novos reagentes.
Novo olhar
A coordenadora Estadual de Políticas de Atenção Especializada e Urgência, Neuzice Oliveira Lima, salientou que o enfrentamento à pandemia trouxe para o olhar da assistência à saúde muitas mudanças e diversas necessidades de investimento em várias áreas, mas também no fortalecimento do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192 Sergipe), com o aumento da oferta de Unidade de Suporte Avançado (USA) para fazer a transferência de pacientes suspeitos ou acometidos da Covid-19 entre as unidades hospitalares, principalmente, para aquelas que estão no mapa de leitos do plano estadual de enfrentamento à doença.
“Os investimentos ocorreram também na contratação de profissionais médicos de diversas especialidades, em serviço de diagnóstico e terapêutico melhorado e ampliado já que o paciente com Covid-19 nos mostrou, no decorrer da pandemia, que o quadro clínico evolui muitas vezes com necessidade de terapia renal substitutiva, ou seja, hemodiálise à beira do leito”, destacou.
Expansão laboratorial
Enquanto a pandemia avançava no Estado, a tecnologia laboratorial foi ficando mais robusta com a disponibilização do teste RT-PCR, que diagnostica a infecção pelo vírus. “Tivemos a implantação do exame no Laboratório Central com poucos testes no início, limitados à época aos casos graves. Posteriormente e de forma gradativa implantamos a coleta para todos os casos leves e seus contatos e, com isso, conseguimos dimensionar o alcance da pandemia no Estado”, lembrou Marco Aurélio, salientando que, proporcionalmente, Sergipe foi o terceiro Estado do país em testagem RT-PCR.
Para fazer frente à demanda gerada pelo novo coronavírus, o governo do Estado investiu na expansão laboratorial, na coleta do RT-PCR, na distribuição de swabs para os municípios, que foram estimulados a se organizarem para a coleta e o transporte da amostra para o Lacen, onde eram processadas. Investiu ainda na contratação de profissionais, o que permitiu ao Lacen o funcionamento 24 horas nos sete dias da semana.
Atenção Primária
No ano da pandemia, a Diretoria de Atenção Primária à Saúde trabalhou na assistência direta aos municípios com vistas a se prepararem no quesito de organização das ações, interrompendo temporariamente algumas ações contínuas da Estratégia Saúde da Família (ESF) para priorizar o atendimento aos pacientes com a Covid-19. “Todos os municípios se estruturaram para dar esse suporte, como a condução de triagem de assistência, antecipando o deslocamento dos usuários às unidades hospitalares”, informou a diretora de Atenção Primária à Saúde, Flávia Dioniz.
Destacou que também foi trabalhado com os gestores municipais as oficinas do Guia Orientador para construção do plano de contingência para enfrentamento à Covid-19, bem como o retorno das atividades dos agentes comunitários de saúde e de endemias nos territórios, através de planos de ação, respeitando os protocolos sanitários do Ministério da Saúde e do Estado. “Não deixamos de atender a rede de Atenção Básica, porém com outra estratégia, muitas vezes de forma remota, naquelas situações onde havia a necessidade de avaliação clínica, mas os agentes comunitários de saúde e de endemias não deixaram de visitar esses domicílios”, salientou.
Lembrou que, dentro do cenário pandêmico, os municípios puderam conduzir, a partir das possibilidades e necessidades, as ações na Atenção Primária, sem paralisar totalmente a assistência aos usuários. “Mas tivemos um déficit significativo com relação à cobertura das ações e aos indicadores de saúde, algo que impactou significativamente na saúde da população, quando doenças foram agudizadas e se tornaram urgência ou pacientes que foram a óbito”, disse.
Vacina
Um ano após a pandemia chegar a Sergipe, a esperança se renova com a campanha de vacinação contra o vírus. “Este é um aspecto muito positivo, um novo momento. É necessário que os municípios sejam ágeis na vacinação, porque quanto maior for a velocidade da imunização, também maior será o impacto tanto na diminuição de óbitos quanto na transmissão da doença”, considerou Marco Aurélio Góes
Fonte: ASN
Foto: Ascom/SES