Jessica Paloma Rosa Silva, Fisioterapeuta, Mestranda do Programa de Pós-Graduação em Ciências Aplicadas à Saúde da UFS (jpalomarosa@gmail.com)
Drª Fernanda Oliveira de Carvalho, Fisioterapeuta do Hospital Universitário de Sergipe (HU – UFS / EBSERH) e Doutora pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFS (fsoliveira.fisio@gmail.com)
Prof a . Drª. Paula Santos Nunes, Fisioterapeuta, Professora Adjunta do Departamento de Morfologia e Professora Permanente do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFS (paulanunes_se@yahoo.com.br)
Prof. Dr. Eduardo de Aquino Neves, Neurologista, Professor Adjunto do Departamento de Medicina e Colaborador do Programa de Pós-Graduação em Ciências da Saúde da UFS (eduardoaquinoneves@hotmail.com)
Há um ano foi decretada mundialmente a pandemia comunitária do novo coronavírus e, até então, vários estão sendo os esforços para desvendar os inúmeros aspectos que constituem essa doença, que a princípio era caracterizada por uma síndrome gripal com alterações de caráter predominantemente respiratórios. Já é descrito na literatura científica mundial que pessoas acometidas pelo coronavírus podem apresentar manifestações clínicas extrapulmonares, dentre as mais evidentes, as alterações neurológicas e psiquiátricas já demonstradas em adultos e em crianças.
As manifestações neurológicas como cefaleia (dor de cabeça), anosmia (perda de olfato), tontura, convulsão, Acidente Vascular Encefálico (AVE – popularmente conhecido como derrame cerebral), alteração no nível de consciência, deficiência visual, dor neuropática, Síndrome de Guillain-Barré (uma doença de provável caráter autoimune) e lesão muscular esquelética estão entre as mais comumente descritas nas pesquisas cientificas, sendo a anosmia, a tontura e a cefaleia as mais relatadas.
A cefaleia encontra-se presente em cerca de 25% dos pacientes infectados por Covid-19 e geralmente aparece já no início da doença. Em metade deles ocorre no primeiro dia de sintomas. Durante a infecção por Covid-19 a dor costuma ser bilateral, de intensidade moderada a forte, caracterizada como pulsátil ou em pressão, por vezes acompanhada de náusea e aversão a luz ou barulho, lembrando outras cefaleias comuns, como a tensional e a enxaqueca, sendo crucial salientar que o mais importante e indicado é sempre buscar orientação médica e não fazer uso de medicamentos de forma indiscriminada para conter as dores, pois elas podem estar ligadas a diversos outros fatores.
O AVE, como dito acima, também é um acometimento associado à Covid-19 e que necessita de mais estudos para melhor elucidar tal associação. Pesquisas apontam que durante o período de infecção pelo coronavírus alguns indivíduos desenvolveram AVE por causa da formação de trombos vasculares, causando obstruções de vasos sanguíneos. Por si só, o AVE já se caracteriza uma emergência e necessita de atendimento rápido e efetivo, e quando associado ao quadro viral de infecção pelo novo coronavírus nos traz um alerta frente às repercussões motoras, cognitivas e emocionais que possam vir a se desencadear nessa população.
Torna-se de fundamental importância a identificação da sintomatologia e minvestigação para descartar a presença de alterações neurológicas relacionadas ao coronavírus, promovendo, com isso, uma recuperação total ou parcial com cuidados de suporte e tratamentos adequados às necessidades do paciente. Doenças com um espectro tão abrangente como a Covid-19 trazem um amplo olhar sobre a atenção que deve ser colocada sobre os sinais e sintomas apresentados com uma possível associação com o coronavírus. Fatores como aumento da idade, presença de comorbidades associadas ao risco de acometimentos neurológicos enfatizam um sinal de alerta para os riscos emergentes, podendo levar os indivíduos a sequelas mais graves ou em alguns casos, à morte.
Outro fator que ainda não está esclarecido e vem sendo objeto de estudo pelas pesquisas é de como o vírus da Covid-19 se comporta no organismo de pessoas que já possuem doenças neurológicas. Estudos apontam que nessa população, após a *contaminação pelo coronavírus, há uma exacerbação dos sintomas com consequente desenvolvimento da forma mais grave da doença, todavia, mais estudos ainda se fazem necessários para que sejam esclarecidos esses mecanismos fisiopatológicos da doença, para que então possam ser criadas medidas de tratamento eficazes frente a esse inimigo *invisível e tão nocivo. Enquanto esses mecanismos ainda não estão totalmente elucidados, estratégias como a manutenção da terapia medicamentosa já estabelecida pelo médico que acompanha o paciente, uso correto dos equipamentos de proteção individuais, como a máscara, o distanciamento social e o acompanhamento médico adequado, feito de maneira presencial ou por telemedicina, vem sendo utilizados/indicados no intuito de redução da mortalidade e na prevenção de agravos.
Muito já se sabe sobre a Covid-19, entretanto, é clara a certeza de que muito ainda temos que saber sobre essa doença heterogênea que vem desafiando cientistas, trabalhadores e população ao longo desse ano tão desafiador em múltiplos aspectos. No tangente as alterações que acometem o sistema nervoso é necessário atenção e vigilância durante o período de infecção bem como monitoramento após a alta.
COLUNA CIÊNCIA E SAÚDE – PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS DA SAÚDE (PPGCS/UFS)
COORDENADOR: Prof. Dr. Ricardo Queiroz Gurgel