DISAUTONOMIA OU NEUROPATIA AUTONÔMICA CARDIOVASCULAR (NAC)

UMA “SÍNDROME” FREQUENTE E SUBDIAGNOSTICADA

José Carlos Santana de Oliveira
Cardiologista clínico
CRM SE: 657 / RQE: 456

A Disautonomia traduz um conjunto de perturbações causado pelo mau funcionamento do Sistema Nervoso Autônomo (SNA) que regula importantes funções da chamada Vida Vegetativa (funções involuntárias) como a pressão arterial, frequência cardíaca, temperatura corporal, digestão, suor, micção e evacuação entre outras. O SNA Simpático é catabólico e ativa as respostas de luta ou fuga, enquanto o SNA Parassimpático é anabólico, ele conserva e restaura. Muitos órgãos são controlados basicamente pelo SNA Simpático ou pelo SNA Parassimpático, embora possam receber aferências de ambos; às vezes, as funções são antagônicas (p. ex., as aferências simpáticas aumentam a frequência cardíaca e as parassimpáticas a diminuem).
Suas disfunções são manifestadas através de sintomas leves e transitórios até outras formas debilitantes e muito graves notadamente pelos riscos de síncopes, quedas e de maior mortalidade cardiovascular.

Tipos mais frequentes de Disautonomia são:

  • Síndrome da taquicardia postural ortostática (POTS)
  • Síncope neurocardiogênica / neuromediada / vasovagal
  • Taquicardia sinusal inapropriada
  • Neuropatia autonômica diabética
  • Epilepsia autonômica

A pouca familiaridade dos profissionais em reconhecer sintomas gerais e inespecíficos como peças do arcabouço diagnóstico faz com que a Disautonomia seja subdiagnosticada e, em outros casos, considerados diagnósticos genéricos de “labirinte”, “depressão”, “deficiência de vitaminas e minerais”, “doenças de vias urinárias e gastrintestinais” etc., muitas vezes com a introdução inapropriada de novos e vários fármacos sem quaisquer benefícios para o paciente ou podendo mesmo determinar iatrogenias ainda mais problemáticas.
Sintomas como a fadiga crônica, baixa tolerância aos esforços, tonturas, bexiga neurogênica, gastroparesia, constipação intestinal persistente, hipotensão ortostática (queda da pressão arterial que ocorre ao levantar-se da posição sentada ou deitada) podem denunciar a Disautonomia. Nessa última condição a Sociedade Brasileira de Cardiologia recomenda que a “Hipotensão ortostática deve ser suspeitada em pacientes idosos, diabéticos, disautonômicos e naqueles em uso de medicação anti-hipertensiva. Assim, particularmente nessas condições, deve-se medir a PA com o paciente de pé, após 3 minutos, sendo a hipotensão ortostática definida como a redução da PAS (pressão arterial sistólica) > 20 mmHg ou da PAD (pressão arterial diastólica) > 10 mmHg”.
As Neuropatias Autonômicas mais conhecidas estão associadas ao diabetes, amiloidose, doenças autoimunes pós-viroses, alcoolismo crônico, toxinas, efeitos colaterais de fármacos, traumatismos que afetam o SNA (coluna e cabeça) e neoplasias. Pode ocorrer independente do sexo, idade, raça ou etnia. Geralmente mulheres são mais afetadas do que homens.
O anticorpo ganglionar A3 contra receptor de acetilcolina está presente em aproximadamente metade dos pacientes e ocasionalmente em pacientes com outras neuropatias autonômicas.

Fontes consultadas:

https://www.scielo.br/j/abc/a/7dDtKCbfgZygXGtCRPZhvtN/?lang=pt
http://publicacoes.cardiol.br/2014/diretrizes/2016/05_HIPERTENSAO_ARTERIAL.pdf
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/dist%C3%BArbios-neurol%C3%B3gicos/sistema-nervoso-aut%C3%B4nomo/neuropatias-auton%C3%B4micas
https://convivendocomdoencasraras.com.br/disautonomia/

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