Por meio da formação cidadã, projeto incentiva estudantes a construírem cartilhas com sugestões de políticas públicas a candidatos ao governo e senado
O Centro de Excelência Atheneu Sergipense, escola de Ensino Médio Integral (EMI) em Aracaju (SE) — política pública e modelo de ensino nacional — desenvolveu o Atheneu Políticas Públicas (POP). A iniciativa, única e inovadora no país, surgiu em meio à dificuldade dos estudantes de entender a política nacional, o funcionamento do Estado e o seu papel democrático como cidadãos. O projeto conquistou notoriedade, incentivando candidatos ao Governo do Estado e cargos do Legislativo Estadual e Federal a assinarem um Termo de Compromisso Educação como política de Estado, cujas ideias de políticas públicas são propostas pelos próprios alunos.
O POP é fruto de uma série de aulas estruturadas (disciplina eletiva) sobre a Constituição Federal, o ciclo de políticas públicas, a importância do voto, entre outros assuntos da área. Desde a sua concepção, o projeto conta com a mentoria da ENAP – Escola Nacional de Admiração Pública, parceria que também resultou na doação de livros para a biblioteca da escola. O objetivo da ação é aproximar os jovens da vivência política do Brasil e colocá-la em lugar de diálogo, fortalecendo o aprendizado e o protagonismo juvenil.
“Na prática do EMI e dentro das suas propostas pedagógicas multidisciplinares, o POP busca ensinar competências essenciais para a convivência em sociedade, apresentando aos estudantes o sistema administrativo brasileiro de forma prática e descomplicada. O objetivo é aproveitar o espaço coletivo da escola para simular os processos democráticos e estimular o protagonismo entre os alunos, mostrando sua importância na participação ativa das decisões em sociedade”, explica Yuri Norberto Pereira Silva, professor e idealizador do projeto.
Educação pública também se faz com educação política
O conceito de participação política está associado a cidadãos informados e engajados em suas comunidades, ou seja, participativos. Para isso, se faz necessária a educação política e social, principalmente dentro das escolas de ensino médio. São nelas que estão inseridos os estudantes que começarão a exercer sua cidadania por meio do voto, escolhendo seus representantes e tomando decisões pelo futuro.
Atualmente, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), existem mais de 6 milhões de pessoas com 16 e 17 anos no Brasil. No entanto, o número de jovens com título de eleitor em 2022, até o momento, representa cerca de 17,5% do total de habilitados para obter o documento.
Esse número reforça ainda mais a necessidade de projetos como o POP dentro das escolas. A inserção dos alunos na vida pública são fundamentais para que estes percebam o seu papel na construção, defesa e cobrança das políticas públicas que lhes são destinadas. Saber dialogar, conviver coletivamente e conhecer o sistema eleitoral são habilidades essenciais para formar jovens cidadãos e também promover a educação integral dos estudantes.
Segundo o professor Yuri “incorporar os diferentes saberes locais ao entendimento do que são políticas públicas é uma forma não apenas de garantir sua assimilação pelos estudantes, mas também de estimular a cidadania, com base na garantia de equidade e respeito às diferenças”.
É com esse intuito que nasceu a cartilha do POP, que segue para ser assinada por candidatos ao Governo de Sergipe, ao Senado Federal, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa de Sergipe, que se comprometem em receber a analisar as propostas feita pelos estudantes sobre a Educação no estado e os direitos constitucionais.
Conheça o EMI
Ao apostar no Protagonismo Juvenil e no Projeto de Vida, o EMI procura se conectar à realidade dos estudantes, focando no desenvolvimento das habilidades e competências socioemocionais. Um modelo de ensino moderno, público e gratuito, que foca em auxiliar os jovens na construção de seus planos para o futuro.
Através de uma jornada escolar ampliada, de 7h a 9h diárias, o Ensino Médio Integral oferece uma proposta diversificada, além do conteúdo pedagógico regular. Os estudantes têm aulas e atividades para conhecer técnicas que desenvolvem o hábito de estudar com autonomia por meio de suas próprias buscas e pesquisas, por exemplo.
Em todo o país, 1 em cada 5 escolas públicas de Ensino Médio é de Ensino Médio Integral (EMI), totalizando cerca de 4301 escolas e 960 mil estudantes. A modalidade apresentou crescimento exponencial no último IDEB (Índice de Desenvolvimento da Educação Básica), reforçando sua assertividade. Os índices de desempenho e rendimento também surpreendem. Enquanto a média nacional do IDEB foi de 3.9 pontos, o Ensino Médio Integral atingiu 4.7 pontos na média nacional, superando a meta Brasil de 4.6 pontos. Apesar de acumular os melhores resultados do Ensino Básico, o modelo, que promove a formação integral e cidadã dos jovens, ainda é pouco conhecido.
Fonte: Amotara