Festas juninas tinham quadrilhas politizadas no DCE da UFS

Eugênio Nascimento

No final dos anos de 1970 e início dos anos de 1980, período em que o Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS) funcionou na rua Santa Luzia, entre a avenida Barão de Maruim e a rua senador Rollemberg, ocorriam muitos eventos culturais. Mas, com certeza, nenhum era tão animado quanto os festejos juninos.

Ao som de LPs,  fitas cassetes e trios contratados para promoverem a animação, ocorriam noitadas de muito forró e que tinham como pico culminante a quadrilha junina no meio da rua, muitas das quais marcadas pelo então estudante de História João Francisco dos Santos, o “Chico Buchinho”, um bom animador e politizador da marcação.

Antes,  durante e depois da quadrilha improvisada,  era colocada à disposição de todos gratuitamente batidas feitas à base de cachaça misturada com limão e maracujá. As cachaças mais usadas eram produzidas no interior de Sergipe, entre as quais a Taquari, de Capela, Vaqueiro, que ficou conhecida entre os estudantes como “Vaqueiro Apaixonado” e várias outras sem nome que as identificassem. Também era servido gratuitamente um vinho de uva e de jenipapo. A cerveja era paga, mas a preço de mercado da época.

A marcação politizada de Chico Buchinho virou marca conhecida. Buchinho gritava: “Estamos  juntos na luta e dispostos a enfrentar a ditadura, anavã” (en avant – para frente), “o inimigo está forte e precisamos nos recolher para se fortalecer para a luta, anarriê” (en arrière – para trás) e assim por diante. Rolava até vaias para o general do governo de plantão na época do regime militar, estabelecido no Brasil em 1964 e que ficaram no comando do Brasil até 1985.

As quadrilhas pareciam atos de resistência. E eram. Ainda que bastante divertidas.

Nessas noitadas animadas do DCE também ocorriam bate papos políticos mais relaxados  entre os militantes do Movimento Estudantil e um ou outro político que prestigiava os festejos juninos da entidade. Dezenas de estudantes e professores da UFS e secundaristas se faziam presentes nos festejos juninos do diretório. Também por lá, jornalistas, radialistas, profissionais liberais, quadros de partidos políticos na legalidade ou ilegalidade.

As festas reforçavam os laços políticos entre as pessoas e geravam novas amizades. Eram boas para atualizar papos, trocar informações. A política não precisa só ser carrancuda.

Eram figurinhas carimbadas nas festas do DCE, especialmente aquelas de junho, Ofélia Onias, Déda, Boneca, Marcelo Barreto,  Katita, Filena, Gilvan Manoel, Zé Luiz, Bel, Tita, Giselda, Carminha, Lucia, Lena, Zé Costa, Antonieta, Milton Alves, os irmão Zé e Tonho Amaral,  Orlando, Mateus, Farofa, “Véio Jairo”, Milson, Djenal Nobre, Caxico, Chico Mocó, Goisinho (ex-vereador),  pessoal da patrulha Odara, Pipiri, Jojó, Clímaco César, Serginho, Miguelzinho, que hoje mora em estância, Finório, Cláudio Miguel, Zé Costa, Luiz Alberto, Chico Buchinho, Josemayre, Jones, George,  Jorjão, Pepe, Henrique “Jovem” Souza, músico e executor do método rápido, prático e eficiente de aprender a tocar violão”… Incluo-me entre tantos outros.

Foram bons tempos.

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