Governadores do Nordeste defendem a unidade nacional e condenam posição exposta por Zema

Irritados com a posição exposta pelo governador de Minas Gerais, Romeu Zema, de busca da unidade entre os estados do Sul e o Sudeste para um possível enfrentamento aos estados do Norte e Nordeste, os governadores nordestinos, através do seu consórcio regional, tornaram pública a seguinte nota:

NOTA OFICIAL


O governador de Minas Gerais, em entrevista publicada no jornal O Estado de São Paulo em 05
de agosto, demonstra uma leitura preocupante do Brasil. Ao defender o protagonismo do Sul e Sudeste,
indica um movimento de tensionamento com o Norte e o Nordeste, sabidamente regiões que vem sendo
penalizadas ao longo das últimas décadas dos projetos nacionais de desenvolvimento.
O Consórcio Nordeste, assim como o da Amazônia Legal, valendo-se da profunda identidade
regional, cultural e histórica, foram criados com o objetivo de fortalecer essas regiões, unindo os estados
em torno da cooperação e compartilhamento de melhores práticas e soluções de problemas comuns,
buscando contribuir com o desenvolvimento sustentável e a mitigação de nossas desigualdadesregionais.
Negando qualquer tipo de lampejo separatista, o Consórcio Nordeste imediatamente anuncia
em seu slogan que é uma expressão de “O Brasil que cresce unido”. Enquanto Norte e Nordeste apostam
no fortalecimento do projeto de um Brasil democrático, inclusivo e, portanto, de união e reconstrução, a
referida entrevista parece aprofundar a lógica de um país subalterno, dividido e desigual.
Já passou da hora do Brasil enxergar o Nordeste como uma região capaz de ser parte ativa do
alavancamento do crescimento econômico do país e, assim, contribuir ativamente com a redução das
desigualdades regionais, econômicas e sociais.
É importante reafirmar que a união regional dos estados Nordeste e, também, os do Norte, não
representa uma guerra contra os demais estados da federação, mas uma maneira de compensar, pela
organização regional, as desigualdades históricas de oportunidades de desenvolvimento.
Nesse contexto, indicar uma guerra entre regiões significa não apenas não compreender as
desigualdades de um país de proporções continentais, mas, ao mesmo tempo, sugere querer mantê-las,
mantendo, com isso, a mesma forma de governança que caracterizou essas desigualdades.
A união dos estados do Sul e Sudeste num Consórcio interfederativo pode representar um avanço
na consolidação de um novo arranjo federativo no país. Esse avanço, porém, só vai se dar na medida em
que todos apostarmos num Brasil que combate suas desigualdades, respeita as diversidades, aposta na
sustentabilidade e acredita no seu povo.
Assim, nós, governadoras e governadores da Região Nordeste, além de defendermos um Brasil
cada vez mais forte e próspero, apelamos pela união nacional em torno da reconstituição de áreas
estratégicas para o nosso país, a exemplo da economia, segurança pública, educação, saúde e
infraestrutura.
Nordeste do Brasil, 06 de agosto de 2023.
JOÃO AZEVÊDO
Presidente do Consórcio Nordeste
Governador do Estado da Paraíba

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