IBGE informa: Desemprego continua em alta, mas número de pessoas ocupadas interrompe quedas

O IBGE divulga hoje (23/09) os resultados de agosto da PNAD COVID19 de agosto. Em Sergipe, a taxa de desocupação, ou desemprego, chegou a 13,2%, mas o número de pessoas ocupadas teve sua primeira alta desde o início da pesquisa.

Em Sergipe, 1,843 milhão de pessoas tinham 14 anos ou mais de idade em agosto e, de acordo com os conceitos utilizados na pesquisa, foram consideradas “pessoas em idade de trabalhar”. Desse contingente, porém, apenas 745 mil pessoas estavam ocupadas em agosto, ou seja, tinham um trabalho. Desde maio, quando a PNAD COVID19 teve início, o número de pessoas ocupadas vinha caindo em Sergipe: eram 826 mil naquele mês, 806 mil em junho e 737 mil em julho. Em agosto, esse número aumentou pela primeira vez, chegando aos atuais 745 mil.

O aumento no número de pessoas ocupadas, porém, não significa que diminuiu o número de pessoas desocupadas, ou seja, o chamado desemprego continuou a subir. Para as estatísticas de mercado de trabalho, são consideradas desocupadas as pessoas que não tinham trabalho, mas que estão disponíveis para assumir uma ocupação e estão em busca de emprego. Em essência, essas pessoas compõem, junto com as pessoas ocupadas, a chamada “força de trabalho”. Quando aumenta o número de desocupados, aumenta a pressão sobre a força de trabalho. Desde o início da PNAD COVID19, esse indicador para Sergipe tem tido altas sucessivas: apenas 65 mil em maio, passando a 84 mil em junho, 100 mil em julho e chegando a 114 mil em agosto.

Somados, ocupados e desocupados contabilizavam 859 mil pessoas, sinalizando o primeiro aumento desde maio no número de pessoas na força de trabalho. O restante da população em idade de trabalhar compunha a chamada “pessoas fora da força de trabalho”, isto é, pessoas que nem estavam trabalhando nem estavam procurando um trabalho. Em agosto, essas pessoas somavam 983 mil, depois de ter chegado a 1,001 milhão em julho. Ainda assim, a taxa de participação na força de trabalho permanece abaixo dos 50%, o que significa que há menos gente em idade de trabalhar na força de trabalho do que fora da força de trabalho.

Com os números de agosto, a taxa de participação na força de trabalho, que é o percentual da população na força de trabalho (ocupados e desocupados) no total da população em idade de trabalhar (pessoas com 14 anos ou mais de idade), ficou em 46,6%, depois de ter chegado a 45,5%, menor nível da série histórica, em julho. Já o nível da ocupação, que é o percentual de pessoas ocupadas no total da população em idade de trabalhar, ficou em 40,5%, indicando que a cada 10 pessoas com 14 anos ou mais, apenas 4 estavam trabalhando.

Taxa de desocupação tem 3ª alta consecutiva e chega a 13,2% em agosto

Com mais pessoas realizando busca por emprego em agosto, e sem uma oferta correspondente de vagas no mercado de trabalho, a taxa de desocupação, ou desemprego, voltou a subir em agosto, ficando em 13,2%. É importante destacar que a taxa de desocupação (ou taxa de desemprego) representa o número de pessoas que tomaram alguma providência para conseguir trabalho e que estavam disponíveis para assumir uma ocupação. Ela não leva em consideração as pessoas que estavam fora da força de trabalho, isto é, pessoas em idade de trabalhar que não tomaram providência para conseguir trabalho. No Brasil, a taxa de desocupação variou entre 18,1% na Bahia e 8,2% em Santa Catarina.

Em relação às pessoas fora da força de trabalho, que totalizavam 983 mil, 445 mil gostariam de trabalhar, apesar de não terem procurado trabalho. Esse contingente vem crescendo desde maio e chegou ao maior valor da série histórica em agosto. Dessas 445 mil pessoas, 322 mil disseram que não procuraram trabalho por conta da pandemia ou por falta de trabalho na localidade. Em julho, essas pessoas somavam 336 mil. Já o proxy da taxa de informalidade se manteve estável em agosto, com 43,8%. Em números absolutos, isso significa dizer que a ocupação principal de 326 mil das 745 mil pessoas ocupadas em agosto era um trabalho informal.

Afastamento do trabalho devido ao distanciamento social chega ao menor valor

Em agosto, das 745 mil pessoas ocupadas, apenas 50 mil estavam afastadas do trabalho devido ao distanciamento social. Esse número vem reduzindo expressivamente desde o início da pandemia: em maio, eram 197 mil pessoas, passando a 167 mil em junho e a 86 mil em julho. Com isso, o número de pessoas ocupadas que nem estavam afastadas nem estavam em trabalho remoto chegou a 609 mil, o que pode ser reflexo da retomada gradual de atividades econômicas com predominância de trabalho presencial.

Apesar disso, o número de pessoas não afastadas, mas em trabalho remoto, manteve-se em patamar semelhante ao dos últimos dois meses: 64 mil pessoas em teletrabalho em agosto, 62 mil em julho e 61 mil em junho. O número de pessoas ocupadas, mas afastadas por outro motivo que não o distanciamento social, ficou em 22 mil pessoas, o menor da série. Essas pessoas podem estar em gozo de férias, licenças remuneradas ou não, entre outras situações que não descaracterizam a condição de ocupação.

No setor privado, número de pessoas com carteira assinada segue em queda Das 745 mil pessoas ocupadas em agosto, 211 mil eram empregados do setor privado com carteira de trabalho assinada. Esse é o menor valor desde maio, quando 236 mil pessoas tinham carteira assinada no setor privado. Depois de cair entre junho e julho, de 127 mil para 113 mil, o número de empregados no setor privado sem carteira de trabalho assinada, voltou a subir, chegando a 118 mil. Os trabalhadores por conta própria, que em maio eram 239 mil, chegaram a 192 mil, depois de terem atingido o menor valor da série em julho (189 mil).

No caso dos grupamentos de ocupação, percebe-se uma redução contínua no número de trabalhadores dos serviços, vendedores dos comércios e mercados, que, em agosto chegou a 126 mil, 30 mil pessoas a menos em relação a maio (156 mil), o primeiro mês da pesquisa. Ocupações elementares (154 mil pessoas) também estão em um patamar mais baixo em relação a maio (170 mil pessoas). Para muitas dessas ocupações, a possibilidade de migração para o trabalho remoto é pouco factível, o que pode explicar, em parte, a redução crescente no número de pessoas nesses dois grupamentos.

Essa dinâmica se repete nos grupamentos de atividades. A administração pública, defesa e seguridade social, educação, saúde humana e serviços sociais continua a ser o grupamento que mais ocupa pessoas e conseguiu preservar o número de pessoas ocupadas em patamares similares aos do início da série (175 mil pessoas em agosto e 178 mil pessoas em maio). Já o comércio e reparação de veículos automotores e motocicletas, o segundo grupamento que mais emprega, teve uma redução de 14 mil pessoas entre maio (140 mil) e agosto (126 mil). A indústria geral também reduziu em 10 mil pessoas o número de pessoas ocupadas entre maio (68 mil) e agosto (58 mil).

Em relação ao rendimento médio real, persiste a diferença entre o valor normalmente recebido, que em agosto ficou em R$ 1.855, e o valor efetivamente recebido, R$ 1.634. Ainda assim, em relação aos meses anteriores, os valores do rendimento têm apresentado aumento. Isso se deve sobretudo à diminuição no número de pessoas que receberam efetivamente menos do que normalmente recebiam: em agosto eram 205 mil pessoas nessa condição, mas em maio elas chegavam a 346 mil.

Também aumentou o percentual de domicílios que recebiam alguma espécie de auxílio emergencial relacionado à pandemia. Em agosto, esse percentual chegou a 57,8% dos domicílios, o que representa 431 mil domicílios em que ao menos um morador era beneficiário de auxílio emergencial. Por outro lado, o seguro desemprego estava presente em apenas 1,4% dos domicílios em agosto. No Brasil, o recebimento de auxílio emergencial variou entre 71,4% no Amapá e 24,8% em Santa Catarina. Sergipe é o sexto estado do Nordeste com maior percentual de recebimento de auxílio, atrás do Maranhão (65,5%), Alagoas (63,5%), Piauí (61,8%), Bahia (58,8%) e Ceará (58,6%). Pernambuco (56,4%), Rio Grande do Norte (56,3%) e Paraíba (56,0%) apresentaram percentuais menores que os de Sergipe.

(Da assessoria do IBGE em SE)

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