Eugênio Nascimento
Os dirigentes do PSDB de Sergipe trabalham no sentido de superar a crise que atinge a agremiação desde 2018 último, quando elegeu apenas a deputada estadual Maria Mendonça. Mas essa crise ganhou maior visibilidade em 2020, ano em que a sigla disputou as eleições municipais e não elegeu nenhum prefeito nos 75 municípios, fez apenas 3 vereadores e dois vice-prefeitos. 2022 já é apontado como o ano do soerguimento
Há uma crise desde que o ex-senador Eduardo Amorim assumiu o comando do partido em Sergipe, em 2019. O grupo liderado pelo ex-governador Albano Franco deixou o ninho tucano em sua quase totalidade. O ex-presidente do PSDB/SE, também ex-deputado estadual Roberto Góis explica: “Acho que dos albanistas somente o ex-governador Albano Franco continua no PSDB, mas isso acontece por causa da amizade dele com o ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso”.
O atual presidente do Diretório Estadual, ex-senador Eduardo Amorim, encontrou na pandemia de covid-19 um dos fatores para explicar a crise no partido. Também passou a privilegiar a sua carreira médica. Consultado, ele diz: “praticamente não participei das eleições municipais de 2020. Não me preocupei em montar chapas de prefeito e vereadores, porque estávamos vivendo o início da pandemia e como médico tinha consciência dos riscos. Fui atingido pelo coronavírus e internado depois de ter intubados sete pacientes por anestesia geral no mesmo dia”.
Amorim, que foi eleito senador para mandato de 2011 a 2019, afirma ainda que aprendeu que o relativismo faz parte da política: “já vi líderes com muitos prefeitos e vereadores não se eleger e também já vi gente sem prefeito conseguir a eleição. O PSDB em Sergipe tem pouco mais de 10 mil filiados, alguns históricos como Albano Franco que participou, votou nas prévias do partido em novembro último”. Garante que o PSDB vive um momento de estabilidade e vai entrar na campanha eleitoral de 2022 para crescer com qualidade e não apenas numericamente.
O PSDB cresceu em todo o Brasil, especialmente em Sergipe no período em que Fernando Henrique Cardoso, o FHC, assumiu a Presidência da República, de 1º de janeiro de 1995 a 1º de janeiro de 2003. Nessa mesma época, Sergipe era governado por Albano Franco, também comandante em chefe do partido no Estado.
Albano continua filiado ao PSDB, ainda é amigo de Fernando Henrique Cardoso e é, de Sergipe, a pessoa próxima de João Dória, atual governador de São Paulo e que será, provavelmente, candidato à Presidência da República em 2022, diz Míriam Ribeiro, ex-vereadora, secretária e amiga pessoal de Franco. Ela lembra que ele prestigiou a mais recente visita de Dória a Sergipe, no segundo semestre deste ano de 2021. Da velha guarda, foi o único presente, o último dos tucanos da origem da agremiação.
O próprio Albano afirma que costuma falar pelo menos uma vez por mês com FHC. Mas nos dois últimos não houve esse contato. E reafirma o que declara Míriam: “continuo no PSDB atendendo a um pedido de meu amigo Fernando Henrique”.
Eduardo Amorim tornou-se o comandante do PSDB mediante o compromisso com a direção nacional de fazer o ninho tucano crescer em Sergipe.É isso ue afirmam ex-tucanos.
O ex-vice-prefeito de Aracaju e ex-filiado ao PSDB José Carlos Machado, comenta virou tucano por causa de uma necessidade do seu DEM e seu amigo, João Alves Filho. “Eu fui para o PSDB, em 2012, para ser o vice da chapa liderada por João Alves Filho (DEM) na disputa da Prefeitura de Aracaju. A ideia era viabilizar uma coligação e, com isso, ampliar o tempo de horário gratuito na tv e rádio. João foi eleito prefeito e depois desse mandato me filiei ao PPS. Quando percebi que não dava para me eleger por esse partido, sai e voltei para o DEM”. Completa: “Na verdade, eu sou um pefelista convicto”.
Agora, disposto a entrar na disputa por uma cadeira no Senado, Eduardo Amorim circula pelo Estado e busca reunir velhos amigos de outras empreitadas eleitorais. Ao mesmo tempo, tenta reorganizar o ninho para atrair possíveis aliados para a disputa de 2022.