Pesquisa IBGE aponta espécies ameaçadas de extinção em SE

Na segunda publicação de Contas de Ecossistemas aparece o primata guigó, que corre perigo

Esta é a segunda publicação da linha editorial de Contas de Ecossistemas inaugurada em setembro de 2020 no IBGE com a pesquisa “O uso da terra nos biomas brasileiros (2000-2018)”. As Contas de Espécies Ameaçadas sintetizam em um modelo contábil as avaliações do estado de conservação das espécies ao longo do tempo, permitindo monitorar o número de espécies em risco de extinção e as movimentações entre as categorias. Nessa edição é apresentada uma síntese das listas nacionais oficiais do ano de 2014 resultantes das avaliações nacionais do estado de conservação das espécies da fauna e da flora publicadas pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Centro Nacional de Conservação da Flora do Jardim Botânico do Rio de Janeiro (CNCFlora/JBRJ), respectivamente. Além disso, também foi elaborado um exercício de aplicação da metodologia SEEA-EEA a partir das avaliações globais coordenadas pela União Internacional para a Conservação da Natureza – IUCN. A partir dos dados das Listas Nacionais são apresentados os números de espécies, por categoria de ameaça, desagregados para os diferentes biomas brasileiros e tipos de ambiente (terrestre, água doce e marinho), além de mapas-síntese das informações sobre a distribuição das espécies ameaçadas no território nacional. Confira os resultados para a Caatinga, bioma presente em Sergipe.

Cerca de 18% da fauna e flora da caatinga estão ameaçadas de extinção Dentre as espécies avaliadas considerando fauna e flora, 2.015 ocorrem no bioma Caatinga. O número total de espécies ameaçadas de extinção foi de 366 espécies (cerca de 18% do total avaliado). Cerca de 7% das espécies que ocorrem na Caatinga são categorizadas como Dados Insuficientes, e cerca de 4% como Quase Ameaçadas. Cerca de 71% das espécies do bioma estão na categoria Menos Preocupante.

Em ambiente terrestre, a flora da caatinga apresenta mais de 30% de suas espécies ameaçadas pela extinção

Entre as espécies avaliadas da flora, de um total de 712, 692 ocorrem no bioma Caatinga de forma terrestre. A Caatinga apresenta uma alta proporção de espécies ameaçadas nesse ambiente (231 espécies, cerca de 33%). Há ainda 43 espécies na categoria Quase Ameaçada e 39 na categoria Dados Insuficientes. As demais 379 espécies (cerca de 55%) estão na categoria Menos Preocupante.

Entre as espécies da flora associadas a ambientes de água doce são consideradas tanto as espécies estritamente aquáticas quanto aquelas de ambientes ribeirinhos ou sazonalmente alagáveis. Nesse ambiente, 209 ocorrem no bioma Caatinga. A Caatinga apresenta 17 espécies ameaçadas nesse ambiente (cerca de 8%). Há ainda três espécies na categoria Quase Ameaçada e duas na categoria Dados Insuficientes. As demais 187 espécies (cerca de 90%) estão na categoria Menos Preocupante.

As vegetações associadas ao ambiente marinho, como os manguezais e restingas, apresentam muitas vezes uma flora particular, adaptada à salinidade, alta insolação e ventos fortes. Embora a maior parte da zona costeira faça parte do bioma Mata Atlântica, algumas espécies desses ambientes (98 espécies) também ocorrem no bioma Caatinga. Dessas, 15 são ameaçadas de extinção (pouco mais de 15%). Há ainda sete espécies na categoria Quase Ameaçada e 9 na categoria Dados Insuficientes. As demais 67 espécies (cerca de 68%) estão na categoria Menos Preocupante.

Mais de 100 espécies estão ameaçadas na fauna da caatinga

De 1303 espécies registradas na fauna, 103 espécies foram registradas como ameaçadas de extinção na Caatinga (quase 10% das espécies terrestres avaliadas no bioma). Cerca de 82% das espécies do bioma estão na categoria Menos Preocupante (881 espécies). Na Bahia e em Sergipe, o primata guigó (Callicebus barbarabownae – CR), pertencente à fauna da caatinga, está ameaçado de extinção.

O ambiente de água doce na Caatinga possui uma proporção de espécies ameaçadas um pouco menor do que o ambiente terrestre (36 espécies, cerca de 7% das espécies de água doce registrada na Caatinga). Pouco mais de 10% das espécies da fauna de água doce são categorizadas como Dados Insuficientes, ressaltando a necessidade de melhores informações para grupos como os peixes continentais e invertebrados de água doce.

No ambiente marinho, as aves batuíra-bicuda e maçarico-rasteirinho estão ameaçados de extinção

Para a Caatinga foram avaliadas 38 espécies que ocorrem no ambiente marinho, sendo duas delas ameaçadas de extinção – as aves batuíra-bicuda (Charadrius wilsonia – VU) e maçarico-rasteirinho (Calidris pusilla – EN). Há ainda uma espécie na categoria Dados Insuficientes. As demais 35 espécies (cerca de 92%) estão na categoria Menos Preocupante.

Na mata atlântica, primata guigó corre perigo de extinção


Na Bahia e em Sergipe, o primata guigó (Callicebus barbarabownae – CR), pertencente à fauna da mata atlântica, está ameaçado de extinção. O bioma, inclusive, apresenta a pior situação, pois apesar de apresentar um alto número de espécies endêmicas, o local sofre com elevada perda de área natural. A pesquisa mostra que a Mata Atlântica foi o bioma com mais espécies ameaçadas, tanto em números absolutos (1.989) como proporcionalmente (25,0%).


Observam-se perdas importantes na quantidade de área de cobertura natural ao longo dos séculos, devido a maior presença de ambientes antropizados, ou seja, onde houve ação humana, por conta do histórico de ocupação e urbanização, a partir do litoral, na formação do território brasileiro. Por exemplo, do total de espécies avaliadas da flora marinha nativa do bioma avaliadas, 32,7% (146) estão ameaçadas.

(Assessoria do IBGE/SE)

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