O prefeito Edvaldo Nogueira e a secretária da Saúde de Aracaju, Waneska Barboza, apresentaram à imprensa, na manhã desta segunda-feira, 2, o Plano de Contingência para o Coronavírus na capital sergipana. Eles expuseram os protocolos definidos pela gestão municipal a partir do primeiro caso suspeito identificado no município e explicaram quais medidas serão tomadas em situação de confirmação e aumento de pessoas infectadas pelo vírus em Aracaju.
A apresentação do Plano, conforme ressaltou o prefeito, teve como objetivo tranquilizar a população sobre o quadro atual, conscientizar para o não compartilhamento de informações falsas sobre o vírus e mostrar que a Prefeitura está preparada para o eventual agravamento da situação.
“Esta apresentação serviu para mostrar que a Prefeitura está preparada, caso seja necessário, para atuar no enfrentamento ao coronavírus, mas, sobretudo, para tranquilizar a população. O coronavírus tem baixa letalidade e só estão sendo considerados no Brasil aqueles casos de pessoas que viajaram para os países onde há circulação do vírus e que apresentaram febre e sintomas respiratórios, de modo que é preciso muita calma. Não há motivo para pânico”, afirmou o prefeito.
Edvaldo ressaltou que, diante do primeiro caso suspeito em Aracaju, as unidades de saúde passarão a atuar de maneira diferenciada no atendimento aos pacientes com sintomas de gripe associados a sintomas respiratórios. “Quem chegar às nossas unidades com os sintomas de febre e dificuldades respiratórias passarão por uma triagem. Em caso de confirmação das suspeitas, que envolvem histórico de viagem para países com transmissão local nos últimos 14 dias ou contato com casos suspeitos ou confirmados, haverá o isolamento e encaminhamento. Mas caso isto não se confirme, retorna ao atendimento normal”, explicou.
O prefeito fez um alerta à população para que evite o compartilhamento de informações não seguras, as chamadas “fake news”. “Mesmo com todo o cuidado do município, pedimos que as pessoas tenham tranquilidade. Fake News, neste momento, é extremamente negativo, um crime. Todas as informações que a Prefeitura tiver, nós abriremos. Seremos transparentes porque é fundamental que a população esteja bem informada. Houve um áudio com informações falsas que circulou e sobre o qual identificamos o autor e já acionamos o Ministério Público tome as medidas contra este tipo de atitude”, afirmou.
O Plano
O Plano de Contingência de Aracaju para o Coronavírus começou a ser elaborado após o Ministério da Saúde declarar Emergência de Saúde Pública de Importância Nacional. Desde então, algumas ações começaram a ser colocadas em prática na capital sergipana, com forma de orientar a população. Entre elas estão publicações nas redes sociais da Prefeitura, reuniões em hospitais públicos e privados para orientação dos profissionais quanto ao atendimento dos pacientes, além de produção de informativos para distribuição em pontos estratégicos da cidade e eventos, a exemplo de hotéis, aeroporto e rodoviárias da capital.
O Plano é definido em três estados. O primeiro é o estado de “Alerta”, com o início do monitoramento de pessoas com histórico de viagens para áreas de transmissão local. O segundo é o estado “Perigo Iminente”, ponto em que se inicia a partir do primeiro caso suspeito. O último é o estado de “Emergência em Saúde Pública”. Atualmente, Aracaju se encontra no segundo estado.
O estado de “Emergência em Saúde Pública”, é, ainda, subdividido em três níveis: O primeiro iniciado a partir do surgimento de até 20 casos confirmados; o segundo a partir do surgimento de um caso grave ou acima de 20 casos confirmados; e o terceiro a partir do primeiro caso de óbito ocasionado pelo coronavírus.
“O plano começou a ser elaborado no início de fevereiro, quando as primeiras notícias sobre o coronavírus surgiram. Estamos nos antecipando, para enfrentar eventualidades, principalmente porque é um vírus que está afetando vários lugares do mundo. No Brasil já temos dois casos confirmados, de pessoas que contraíram fora do país, e isso acende o nosso alerta. Nós planejamos e colocamos em execução, uma vez que a cidade registrou um caso suspeito. A pessoa está sendo monitorada e todos aqueles com os quais ela entrou em contato também. É um plano muito bem elaborado e que atende a todas as consequências”, reforçou Edvaldo.
A secretária Waneska Barboza explicou que, mesmo se o primeiro caso na capital não for confirmado, a administração seguirá tomando medidas de prevenção. “O nível de classificação que a gente colocou no plano de contingência é que qualquer caso suspeito é colocado como perigo iminente. Ele obedece exatamente o plano do Ministério da Saúde, o que significa dizer que a gente precisa investigar o caso. Ele sendo descartado, nós continuamos no nível de alerta, uma vez sendo confirmado, a gente passa a fazer o monitoramento do paciente, dando todas as orientações à população”, informou.
A gestora ainda explicou que, em caso da confirmação de pacientes infectados, está previsto o aumento de leitos de retaguarda. “Poderemos fazer a ampliação de 70 leitos, em Aracaju, mas como o próprio comportamento da doença é de baixo risco, acreditamos que não haverá necessidade”, disse.
Operação
Para o primeiro nível, o município disponibilizará atendimentos exclusivos para síndromes gripais nos estabelecimentos de Saúde, e abrirá oito Unidades Básicas, em horário estendido, até 20h, incluindo finais de semana e feriados. São elas: UBS Augusto Franco; Geraldo Magela (Orlando Dantas); Ministro Costa Cavalcante (Inácio Barbosa); Fernando Sampaio (Ponto Novo); Cândida Alves (Bairro Industrial); Eunice Barbosa (Coqueiral); José Machado (Santos Dumont) e Onésimo Pinto (Jardim Centenário).
Caso a cidade atinja o nível 2, a Prefeitura vai ampliar o número de leitos para observação e isolamento nos hospitais de Urgência e Emergência (Fernando Franco e Nestor Piva). Além disso, serão abertos leitos de retaguarda em dois Centros de Atenção Psicossocial – CAPS (25 leitos de observação ao total) e no Cemar Siqueira Campos (mais 30 leitos de observação). As UBS contarão com mais 90 leitos disponíveis, de segunda a sexta, das 7h às 17h. Durante os finais de semana e feriados, mais 40 leitos funcionarão nas oito unidades selecionadas no primeiro nível.
No caso da cidade atingir o terceiro nível, todas as ações e parcerias com outros órgãos públicos e privados serão intensificadas.
Na prática
Na prática, o atendimento funciona da seguinte maneira: o paciente que chegar a uma unidade de saúde apresentando febre ou sintomas respiratórios, será encaminhado para o setor de triagem na Sala de Observação, no caso das UBS, ou para o setor de Acolhimento, no caso dos Hospitais Municipais. Após a primeira avaliação, se o indivíduo se enquadrar como caso suspeito, será feito isolamento, com uso de máscara cirúrgica em todas as etapas.
A partir desse ponto, será feita notificação imediata à Unidade de Resposta Rápida (URR) e ao Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS) de Aracaju. Também será feita a coleta de amostra de secreção respiratória e enviada ao Laboratório Central do Estado de Sergipe (LACEN/SE).
Os passos seguintes são a notificação do Ministério da Saúde, através da plataforma oficial; o monitoramento do caso notificado e dos contatos próximos, bem como a orientação dessas pessoas sobre as formas de transmissão; a busca de informações sobre o voo e posterior repasse das informações à ANVISA; e o contato com os passageiros desse mesmo voo para possibilitar o monitoramento pelo período de 14 dias, a contar pela data de chegada.
Histórico
O primeiro caso suspeito de coronavírus, em Aracaju, foi registrado no último dia 27 de fevereiro, quando uma mulher, de 37 anos, recém-chegada da Itália, apresentou sintomas relacionados à doença e buscou atendimento em um hospital particular da cidade. Mesmo já tendo apresentado melhoras no quadro sintomático, a paciente e seus familiares, que não apresentaram sintomas, continuam em monitoramento.
O município também vinha acompanhando as oito pessoas que chegaram da China recentemente. Eles estavam sendo monitorados pela Vigilância Epidemiológica, mas já foram descartadas como potenciais novos casos já que, após 14 dias, período de incubação, não apresentaram sintomas.
Fonte: AAN
Foto: Ana Lícia Menezes