“Não houve esquecimento proposital de eventos ou pessoas e o trabalho que se apresenta tem limitações inerentes ao recorte pré-definido e às condições estruturais para a realização da pesquisa, sendo fundamental a mobilização da sociedade sergipana para a implementação das recomendações feitas pela CEV/SE”. A afirmação é da Professora Andréia Depieri, ex- Secretária- Executiva da Comissão Estadual da Verdade de Sergipe. Têm surgido questionamentos e isso motiva resposta.
Àqueles que têm questionado o fato de alguns segmentos não serem ouvidos, conforme o relatório divulgado na semana passada, ela explica que “a CEV/SE teve por missão, nos termos do Decreto que a criou, investigar as graves violações de direitos humanos (prisões ilegais, tortura, execuções, desaparecimentos) no período de 1946 a 1988. Esse foi o recorte que orientou inicialmente a pesquisa, que ainda foi ampliada em torno dos temas sanções políticas, monitoramento no campo e censura, isso porque esses temas ajudaram a caracterizar a forma de funcionar do Estado durante o período pesquisado”.
Segundo Andréia, o relatório da CEV/SE deve ser compreendido como o início de um trabalho maior, razão pela qual recomenda: “Que o Estado de Sergipe assuma o protagonismo para fazer instalar em Aracaju um Centro de Memória, para incentivar e manter o trabalho de pesquisa sobre as graves e sistêmicas violações de Direitos Humanos em Sergipe, tendo por objetivos: (I) conservar o acervo já coletado pela CEV; (II) coletar novos documentos e constituir novos fundos arquivísticos sobre a repressão política em Sergipe; (III) fomentar e realizar novas pesquisas; (IV) ampliar a divulgação e publicização dos acervos e fomentar o debate público em torno dos valores democráticos e da pauta de Direitos Humanos; (V) preparar materiais didáticos diversos, tanto para formação e como promoção de uma cultura de paz e de direitos; (VI) implementar ações, tomando por referência o que convencionou chamar de pedagogia da memória, voltadas ao público em geral”.
A secretária-executiva diz ainda que é preciso afirmar que não houve esquecimento proposital de eventos ou pessoas e que o trabalho que se apresenta tem limitações inerentes ao recorte pré-definido e às condições estruturais para a realização da pesquisa, sendo fundamental a mobilização da sociedade sergipana para a implementação das recomendações feitas pela CEV/SE.
Concluindo a professora afirma que vale esclarecer que todo o acervo remanescente da CEV/SE se encontra no APES, com previsão de duplicação para a UFS/SE conforme convênio firmado. O acervo de imagens está disponível, por completo, no canal da CEV/SE no YouTube. Há cópias dos vídeos dos depoimentos no APES e também na Emgetis. Os conteúdos são exatamente os mesmos, a diferença é que os vídeos armazenados na nuvem Emgetis apresentam uma qualidade de imagem superior.