Sergipe é o estado do Nordeste com maior percentual de domicílios com água encanada, coleta de lixo e pessoas com plano de saúde

Sergipe é o estado do Nordeste com maior percentual de domicílios com água encanada, coleta de lixo e pessoas com plano de saúde

O IBGE divulgou nesta sexta-feira (04/09) os primeiros resultados da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) de 2019, um estudo de caracterização da saúde em seus mais variados aspectos, dentre os quais condições relacionadas à qualidade de vida, incluindo padrões apropriados de habitação e saneamento, de oportunidades de educação ao longo da vida, de comportamentos adotados, e de acesso à assistência à saúde, entre outros temas. Para essa primeira divulgação, são apresentados dados de quatro módulos do questionário aplicado em 2019, a saber: informações do domicílio; visitas domiciliares de equipe de saúde da família e agentes de endemias; cobertura de planos de saúde; e, utilização de serviços de saúde. Confira os principais resultados para Sergipe.

Densidade domiciliar ficou abaixo de 3,0 moradores por unidade investigada

Para caracterização dos padrões de habitação da população, um dos indicadores da PNS é a densidade de moradores por domicílio. Em Sergipe, eram 2,905 moradores, um pouco acima da densidade domiciliar no Brasil (2,860) e um pouco abaixo da densidade domiciliar da região Nordeste (2,989). As maiores densidades estavam nas regiões Norte e Nordeste, com o Amapá registrando 3,857 moradores por domicílio. Já as menores densidades estavam nas regiões Sul e Sudeste, com o Rio Grande do Sul registrando 2,614 moradores por domicílio.

Um outro indicador relacionado à densidade domiciliar é a densidade domiciliar por cômodo. Esse indicador é representado pela razão entre o total de moradores e o total de cômodos dos domicílios. Valores mais altos, via de regra, representam condições de habitação mais precárias, pois indicam que há muitos moradores para poucos cômodos. Por exemplo, se um domicílio tem 4 cômodos e 5 moradores, sua densidade é igual a 1,2. Ou seja, há mais de um morador por cômodo. Já um domicílio com 5 cômodos e 2 moradores apresenta densidade igual a 0,4. Ou seja, menos de um morador por cômodo.

Em Sergipe, o número de moradores por cômodo ficou em 0,504, que é a menor densidade registrada entre os estados da região Nordeste. No Amapá, esse indicador chegou a 0,843, indicando menos cômodos para mais moradores, ao passo que em Santa Catarina registrou-se 0,451, indicando mais cômodos para menos moradores. Nas capitais, com maior proporção de domicílios com apenas um morador, esse indicador cai. Em Aracaju, ele foi de 0,471 e, em Curitiba, a capital com a menor densidade de moradores por cômodo do país, foi registrado 0,422.

Sergipe tem o maior percentual de domicílios com água canalizada em pelo menos um cômodo do Nordeste

A PNS investigou a presença de água canalizada em pelo menos um cômodo do domicílio. Em Sergipe, 93,0% dos domicílios atendiam a essa condição, o melhor resultado da região Nordeste. O menor índice do país foi o do Maranhão (86,7%). São Paulo e Rio Grande do Sul registraram 99,9% para esse indicador. Entre as capitais, Aracaju registrou 99,5%. Na capital do Espírito Santo, Vitória, 100,0% dos domicílios investigados atendiam à condição de água canalizada em pelo menos um cômodo.

Os números caem significativamente quando se considera a característica existência de banheiro de uso exclusivo e esgotamento sanitário por rede geral de esgoto ou fossa séptica ligada à rede geral. Para Sergipe, o percentual ficou em 50,0%, sinalizando que metade dos domicílios não tinham banheiro de uso exclusivo com esgotamento sanitário por rede geral ou fossa séptica ligada à rede geral. Para a quase totalidade desses domicílios, isso não significa a inexistência de banheiro de uso exclusivo do domicílio, mas, sim, a ausência de ligação à rede geral de esgoto.

O esgotamento sanitário é um problema mais evidente no interior do estado. Em Aracaju, em contrapartida, a condição de banheiro de uso exclusivo e ligação à rede geral de esgoto estava presente em 85,6% dos domicílios. O indicador é o segundo melhor entre as capitais do Nordeste, já que Salvador registrou 98,1% de domicílios nessa condição. Essa variável apresenta grandes discrepâncias nacionalmente. Entre as unidades da federação (UF’s), ele vai de 8,8% em Rondônia a 92,7% em São Paulo. Já entre as capitais, ele oscila entre 12,9% em Macapá e 99,4% em Vitória.

Maior percentual de domicílios com coleta de lixo do Nordeste está em Sergipe

A pesquisa também investigou a existência de coleta de lixo por serviço de limpeza. Sergipe apresentou o maior percentual da região Nordeste, com 88,9%, sendo que em Aracaju a cobertura do serviço era quase universal (99,9%). Em duas capitais, todos os domicílios investigados possuíam essa característica: Curitiba e Goiânia. Entre as 27 UF’s, as maiores deficiências estão nas regiões Norte e Nordeste, com o Maranhão tendo registrado 69,6% com existência do serviço. Nas regiões Sul e Sudeste, a cobertura é mais satisfatória, com o Rio de Janeiro registrando 99,0% de domicílios com coleta de lixo por serviço de limpeza.

Presença de animais de estimação requer atenção para a vacinação contra a raiva

Um dos temas que mais desperta curiosidade da PNS é a investigação sobre animais de estimação (cachorros e gatos, especificamente). O tema é abordado para que se possa chegar a um percentual de animais que foram vacinados contra a raiva, doença cuja principal forma de transmissão para humanos é justamente a mordida de um animal infectado. Em Sergipe, 34,7% dos domicílios tinham ao menos um cachorro. Em números absolutos, esse percentual traduz-se em cerca de 275 mil domicílios. Em Aracaju, o percentual era de 26,3%, totalizando cerca de 60 mil domicílios. Para os gatos, o percentual de domicílios em Sergipe com a presença de ao menos um deles foi de 24,4%, ou cerca de 193 mil. Em Aracaju, eram 14,1% dos domicílios, ou cerca de 32 mil.

Para os domicílios com algum cachorro ou algum gato, perguntou-se todos os animais foram vacinados contra raiva nos últimos 12 meses anteriores à data da entrevista. Para Sergipe, o percentual ficou em 62,8%, o segundo mais baixo do Nordeste, à frente apenas do Maranhão (61,4%). Em Aracaju, o percentual aumenta (75,9%), mas mesmo assim é o terceiro menor entre as capitais do Nordeste, à frente de São Luís (72,6%) e Maceió (73,5%). Entre as 27 UF’s, o percentual de domicílios em que todos os gatos e cachorros foram vacinados oscila de 51,5% no Acre a 84,3% no Distrito Federal. Entre as capitais, registrou-se de 55,1%, em Rio Branco, a 87,1%, em Vitória.

Mais de 80% dos domicílios sergipanos estão cadastrados em alguma unidade de saúde familiar

Em 1994, o Ministério da Saúde criou o Programa Saúde da Família, cujo objetivo era priorizar ações de prevenção, promoção e recuperação da saúde das pessoas de forma integral e contínua. Pela concepção do programa, o atendimento é prestado nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou no domicílio, pelos profissionais que compõem as Equipes de Saúde da Família. A Unidade de Saúde da Família trabalha com um território de abrangência definido e é responsável pelo cadastramento e o acompanhamento da população residente na respectiva área.

Com foco na cobertura do programa, a PNS investigou a quantidade de domicílios que estão cadastrados em alguma unidade, bem como a regularidade de visitas de qualquer integrante da Equipe de Saúde da Família e, além deles, de agentes de combate de endemias, os quais desempenham ações de controle de dengue, malária, leishmaniose, entre outras ações. Em Sergipe, 637 mil domicílios estavam cadastrados, o que correspondia a 80,4% dos domicílios sergipanos. No caso da visita de agentes de endemias, elas ocorreram em 76,1% dos domicílios, um dos cinco maiores percentuais do país.

Sergipe tem maior proporção de pessoas com plano de saúde médico do Nordeste

Em Sergipe, a proporção de pessoas com plano de saúde médico chegou a 18,7%. Esse é o maior percentual da região Nordeste. O menor percentual estava no Maranhão (5,0%). Em números absolutos, Sergipe contava com 431 mil pessoas com plano de saúde médico. Os percentuais ficavam entre 18,0% para homens e 19,7% para mulheres. Para o Brasil, o maior percentual estava no estado de São Paulo (38,4%). Entre as capitais, Aracaju também obteve o maior percentual da região Nordeste (42,4%), o que se traduz em 279 mil pessoas, 127 mil do sexo masculino e 152 mil do sexo feminino. No infográfico abaixo, é possível conferir mais dados sobre plano de saúde médico.

Plano de saúde é mais comum entre pessoas com ensino superior, brancos e com rendimento a partir de 3 salários-mínimos

A chance de uma pessoa possuir algum plano de saúde em Sergipe é maior no grupo com 60 anos ou mais (21,9%). No grupo etário de 18 a 29 anos, ela atinge o seu menor patamar (14,3%). No grupo de pessoas sem instrução ou ensino fundamental incompleto, apenas 9,0% tinham plano de saúde. Mas entre as pessoas com ensino superior completo, o percentual era de 65,0%. No recorte por cor ou raça, a população de cor ou raça autodeclarada preta teve o menor percentual (12,6%), abaixo da população de cor ou raça declarada parda (17,1%) e menos da metade do percentual da população de cor ou raça autodeclarada branca (26,3%).

As disparidades mais evidentes, porém, aparecem nos recortes de rendimento domiciliar per capita. Nos domicílios sem rendimento ou com rendimento domiciliar per capita de até ¼ do salário-mínimo (s.m.), apenas 1,2% tinha plano de saúde. No outro extremo, no grupo com rendimento domiciliar per capita superior a 5 s.m., o percentual chegava a 90,6%. Nos grupos de rendimento intermediários, os valores crescem à medida que aumenta o rendimento: 78,7% das pessoas com rendimento domiciliar per capita entre 3 e 5 s.m. e 32,7% das pessoas com rendimento entre 1 e 2 salários-mínimos.

Apenas 10,7% das pessoas em Sergipe possuem plano odontológico

Em Sergipe, 245 mil pessoas (ou 10,7% da população) possuíam plano odontológico (10,1% dos homens e 11,2% das mulheres). Em Aracaju, a proporção é mais do que o dobro, chegando a 25,1%, ou 165 mil pessoas. O grupo etário com maior frequência para plano odontológico era o de 30 a 39 anos (13,5%) e menor era o de 60 anos ou mais (8,7%). No recorte por escolaridade, o plano odontológico chegava a 30,2% das pessoas com ensino superior completo, mas a apenas 4,6% das pessoas sem instrução ou com nível fundamental incompleto. No caso do rendimento, a frequência no grupo com rendimento domiciliar per capita entre 3 e 5 s.m. (37,8%) é maior do que no grupo com rendimento domiciliar per capita superior a 5 s.m. (29,7%).

Mais de 70% das pessoas com plano de saúde consideravam-no bom ou muito bom

A PNS também pediu que os usuários de planos de saúde médico avaliassem o serviço prestado. Em Sergipe, 72,3% das pessoas que tinham plano de saúde afirmaram que o serviço era “bom” ou “muito bom”. Em Aracaju, o percentual chegou a 78,0%. O grupo de idade com maior percentual de respostas satisfatórias foi o grupo com 18 a 29 anos (79,3%) e o com menor percentual foi o de 40 a 59 anos (68,2%). Para o recorte de nível de instrução, a satisfação era maior entre as pessoas com ensino superior completo (80,3%) e menor entre pessoas com ensino médio completo e ensino superior incompleto (74,8%). Por fim, no recorte por cor ou raça, a satisfação era maior entre pardos (74,2%) e menor entre pretos (69,3%).

Cerca de 9,5% da população precisou se afastar de suas atividades habituais por motivo de saúde

No módulo sobre utilização dos serviços de saúde, constatou-se que 9,5% das pessoas em Sergipe precisaram se afastar de suas atividades habituais nas últimas duas semanas anteriores à data da entrevista. Foi o maior percentual entre as 27 UF’s, em empate com a Bahia. O afastamento foi mais frequente entre mulheres (11,4%) do que entre homens (7,5%) e, em números absolutos, alcançou 219 mil pessoas. No recorte por grupos de idade, a frequência foi menor no grupo de 18 a 29 anos (5,6%) e mais do que dobrou no grupo com 60 anos ou mais (12,1%). Para 10,6% das 219 mil pessoas que precisaram se afastar, o motivo do afastamento estava relacionado ao trabalho. Para 35,8% dessas pessoas, o motivo de saúde que ocasionou o afastamento as deixou acamadas.

A PNS também mostra que 78,2% das pessoas em Sergipe costumam procurar o mesmo médico, serviço ou profissional de saúde quando precisam de atendimento. Quase ¾ das pessoas (74,7%) haviam consultado o médico nos últimos 12 meses e pouco menos da metade (43,7%) havia consultado o dentista. Os dados confirmam uma percepção bastante difundida entre profissionais de saúde: mulheres buscam mais atendimento do que homens. Em Sergipe, para consultas médicas os percentuais foram de 81,4% para mulheres e 67,4% para homens. No caso das consultas odontológicas, os percentuais foram de 47,0% para mulheres e de 40,0% para homens.

Considerando as duas semanas anteriores à data de entrevista, constatou-se que, em Sergipe, 18,1% das pessoas procuraram atendimento, o que representa um contingente de 417 mil pessoas, das quais 261 mil eram mulheres e 156 mil, homens. No grupo de idade com 60 anos ou mais, cerca de 26,5% das pessoas buscaram atendimento médico nas duas últimas semanas anteriores à entrevista, totalizando cerca de 82 mil pessoas. Das 417 mil pessoas que buscaram atendimento nas últimas duas semanas, cerca de 82,5% conseguiram atendimento na primeira tentativa, o segundo maior percentual do Brasil, atrás apenas do Ceará (84,9%). Considerando as tentativas subsequentes, chegou-se a 88,1% de sucesso na consecução de atendimento, o que, inversamente, significa que 11,9% das pessoas não conseguiram o atendimento médico que buscaram nas duas semanas anteriores à entrevista. As buscas aos serviços de saúde resultaram em prescrição de medicamento em 62,5% dos casos, um total de 230 mil pessoas. Dessas, 92,8% conseguiram ao menos um dos medicamentos que foram receitados e 84,7% conseguiram obter todos os medicamentos. Apenas 28,1% dessas 230 mil pessoas, porém, conseguiram obter ao menos um dos medicamentos nos serviços públicos de saúde.

Em 12 meses, 6,3% ficaram internadas em hospital em algum momento

A PNS revela ainda que cerca de 6,3% das pessoas em Sergipe precisaram ficar internadas por algum período nos 12 meses anteriores à entrevista. Em números absolutos, foram 144 mil pessoas que precisaram de internação, cerca de 88 mil mulheres e 56 mil homens. Entre as pessoas com 60 anos ou mais de idade, esse percentual alcançou 10,7%, ou 33 mil pessoas aproximadamente. Para as internações, 70,4% (aproximadamente 101 mil) ocorreram através do Sistema Único de Saúde. O atendimento de urgência no domicílio, utilizado por 3,3% das pessoas nos últimos 12 meses anteriores à entrevista, foi menos frequente do que as internações. Ainda assim, foram 75 mil atendimentos do tipo, 45 mil envolvendo mulheres e 30 mil envolvendo homens. Por fim, constatou-se que 4,2% das pessoas (ou cerca de 96 mil) em Sergipe haviam utilizado práticas integrativas e complementares de saúde nos últimos doze meses anteriores à entrevista. Essas práticas consistem em tratamentos comumente chamados de “alternativos” e incluem acupuntura, homeopatia, uso de plantas medicinais e fitoterapia, entre outros. No grupo com ensino superior completo, mais do que dobram em frequência, chegando a 11,9% das pessoas. A frequência também aumenta com o aumento do rendimento domiciliar per capita. No grupo com rendimento entre 3 e 5 s.m., ela chega a 13,0%, e, no grupo com rendimento acima de 5 s.m., ela registra 18,3%.

Rolar para cima