Antônio Carlos Sobral Sousa
Professor Titular da UFS
Segundo a OMS, o Brasil se encontra, atualmente, no epicentro da COVID-19.
O novo coronavírus (SARS-CoV-2), cuja transmissibilidade já está amplamente
comprovada, avança de forma avassaladora, por falta de imunidade da população. Na
mesma toada, proliferam as polêmicas a respeito de sua prevenção e tratamento, para as
quais a população, também, não está imune.
Embora a pouca experiência, acumulada com esta enfermidade, vem mostrando
que a grande maioria dos contaminados têm um curso benigno, ou seja, ninguém quer
contrair a doença para adquirir a “sonhada” imunidade que, ainda, não se sabe se é
perene. Portanto, a comunidade científica, em várias partes do mundo, tem se
empenhado, freneticamente, para a descoberta de uma vacina eficaz. Enquanto isso não
acontece, tem se proliferado a utilização de inúmeros medicamentos, com a perspectiva
de proteção contra a COVID-19.
Um dos princípios da Medicina Baseada em Evidências é de que devemos
provar que uma determinada droga seja eficaz, antes da sua incorporação na prática
cotidiana. Com frequência, constata-se o inverso quando medicamentos são largamente
utilizados, sem o devido respaldo científico, com a crença de que existe plausibilidade
para tal e o receio da omissão. Deve-se ponderar, ainda, que todos os remédios podem
provocar consequências não intencionais indesejáveis, cujas chances de acontecer, são
bem maiores do que os benefícios desejados. Portanto, a Ciência tem nos ensinado que,
“fazer pouco, na maioria das vezes, é fazer muito”!
A Vitamina-D é importante para a saúde dos ossos, dentes e músculos e a sua
suplementação melhora a saúde naqueles que apresentam deficiência, sobretudo, idosos.
Tem sido sugerido que a deficiência desta vitamina pode se associar à evolução
desfavorável na COVID-19. Mas, outros fatores de risco subjacentes, como doenças
cardíacas, também são comuns nesses pacientes, tornando difícil tirar conclusões.
Portanto, não há evidências concretas de que a Vitamina-D reduz o risco de pegar o
SARS-CoV-2.
O Zinco é determinante para manutenção da função imune do organismo.
Embora o mecanismo seja incerto, tem sido relatada atividade antiviral do zinco pela
inibição da replicação viral em cultura de células. Estudos com relação ao novo
coronavírus ainda não estão disponíveis.
Tem sido demonstrado potenciais benefícios do anti-helmíntico Ivermectina, no
tratamento da COVID-19, por reduzir a replicação do SARS-CoV-2. Todavia, como
ainda não dispomos de estudos robustos que atestem a sua eficácia, o seu uso off-label e
por compaixão, requer considerações cuidadosas quanto ao risco-benefício.
Portanto, até o momento, não existe comprovação de medicamentos para
prevenir a virose; na indisponibilidade de vacina, resta-nos o distanciamento social, o
isolamento para os doentes, a quarentena para os contactantes, o uso de máscaras e a
higiene, sobretudo das mãos.
*Membro das Academias Sergipanas de Medicina, de Letras e de Educação